25 outubro 2013

«O QUE É DETERMINANTE PARA A UNIDADE É A IDEOLOGIA E NÃO A GEOGRAFIA»

Retirei estas duas fotografias da internet e, parecendo idênticas, com a imagem de Agostinho Neto ao lado de Fidel Castro, não considero inocente o (re)corte que foi aplicado à de cima. De facto, o que existe de mais interessante na fotografia do que parece ser um daqueles comícios institucionais onde se celebrava a amizade angolana-cubana em Luanda algures entre 1976 e 1979 é o conteúdo da mensagem que encima o cartaz, sub-repticiamente desaparecida no entretanto.
Lido com distanciamento e sem dogmas de fé marxistas-leninistas, aquilo que lá está escrito como slogan justificador da presença militar cubana em Angola também pode ser encarado como uma apologia de qualquer outra ideologia que pugnasse por projectos políticos transcontinentais – como também o era, à sua maneira, o colonialismo… Nunca é demais relembrar que Cuba esteve engajada militarmente em Angola durante tanto tempo quanto Portugal com efectivos equivalentes¹.

¹ Portugal de 1961 a 1974, com um máximo de 65.000 efectivos em 1973. Cuba de 1975 a 1989, com o mesmo máximo de 55.000 efectivos em 1988. Note-se porém que os efectivos portugueses incluíam cerca de ⅔ de soldados de origem metropolitana e ⅓ de angolanos de recrutamento local enquanto os militares cubanos eram todos de origem.

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