07 outubro 2013

AS VAIAS E O RESTO

Já se percebeu como a organização de uma sessão de vaias a um governante é como aquela antiga promoção ao totoloto: é fácil, é barato e pode dar milhões. O que é preciso é conhecer com antecipação as agendas das visitas, mobilizar umas dezenas de figurantes militantes, mas depois há que contar com a boa vontade das televisões para noticiar o evento. Todavia, como os membros do governo têm reduzido ao mínimo as ocasiões em que se expõem e os episódios das vaias têm perdido importância informativa à custa da sua banalização, parece que os profissionais da assuada têm que se agarrar aquelas ocasiões a que os governantes não podem fugir, e onde, pela sua solenidade, é obrigatória a cobertura informativa. Caso da Praça do Município em Lisboa por ocasião das comemorações do 5 de Outubro.

Note-se que se trata de um local e de uma ocasião onde é bastante fácil montar cenografias: as pessoas poder-se-ão já ter esquecido, mas nas cerimónias de 2010 – outros tempos, outro governo, outros protestantes… – os amigos do piadético Rodrigo Moita de Deus conseguiram criar um evento alternativo ali comparecendo envergando máscaras de Darth Vader… Note-se ainda que os manifestantes deste ano não me pareceram amigos do Moita de Deus (ele tem tido, aliás, mais do que fazer) mas não perderão nada para os outros na convicção com que acham… coisas. São convicções tão assertivas quanto superficiais, que lhes deixam escapar, por exemplo, que quando vaiam o cidadão Aníbal Cavaco Silva no momento em que este hasteia a bandeira nacional e se escuta A Portuguesa conseguem a proeza de desrespeitar simultaneamente todos os nossos três símbolos nacionais…

Eu acredito que aquele será o melhor momento do directo televisivo, aquele que vale a pena aproveitar do ponto de vista da expressão audiovisual por parte dos vinte palermas que participaram naquela coreografia mas, recordando o muito comentado e criticado episódio nas mesmas cerimónias do ano passado onde a bandeira nacional foi hasteada ao contrário, creio que é preciso enfatizar todos os momentos e apontar e condenar todos os autores deste género de actos de evidente desrespeito para com os símbolos nacionais e não apenas quando isso for da nossa conveniência política. Nem parecendo aperceber-se que desrespeita indiscriminadamente todos os símbolos da nossa identidade nacional, os palermas do Movimento que se lixe a Troika (onde o piadético de serviço se chamará Nuno Ramos de Almeida) também não merecem ser respeitados. Que palhaços! Que palhaçada!

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