A pretexto da contestação protagonizada pela CGTP e de alguns exageros dos contestatários (que ouvi hoje a informação a deixar passar acriticamente) quanto à natureza anti-democrática do nosso regime (um exemplo visual é a imagem no fim deste poste), lembrei-me de um episódio de Tintin e os Pícaros, quando o Capitão Haddock insiste em ir comprar pessoalmente o seu tabaco de cachimbo à tabacaria, sem ter consciência que a sua teimosia iria provocar a confusão que se pode apreciar na imagem acima, essa sim, típica de um regime ditatorial.
Mas, mais do que os transeuntes removidos a cano de espingarda, parece ser a limousine, simbolizando a distância entre os privilegiados e o cidadão comum, o elemento principal da cena. Hergé preferiu desenhá-la neutra, embora não queira deixar dúvidas quanto à sua origem, através da marca do bigode estilizado identificativo da Bordúria. Mas quanto ao desenho da viatura, essa resulta de um sincretismo entre um Mercedes 600 capitalista alemão (acima) e um ZIL-114 comunista soviético (abaixo).
Há e houve ditaduras instauradas invocando valores muito diferentes, mas um aspecto tende a caracterizá-las a todas: não costumam permitir queixas a seu respeito nos seus órgãos de informação nacionais... O senhor que empunha o cartaz devia saber disso antes de fazer a analogia que exibe. É que com o senhor da esquerda do seu cartaz foi tranquilamente para casa no fim da manifestação; se mandasse o outro senhor tenho fundadas dúvidas que sequer conseguisse ir lá dormir nos dias seguintes...
Caro António
ResponderEliminarTens toda a razão naquilo que afirmas, mas temos também que reconhecer a criatividade do cartaz Salazar/Passos Coelho. Espero é que o Passos seja corrido o mais depressa possível, ao invés do que aconteceu com o Salazar !
Um abraço
Caro António
ResponderEliminarTens toda a razão naquilo que afirmas, mas temos também que reconhecer a criatividade do cartaz Salazar/Passos Coelho. Espero é que o Passos seja corrido o mais depressa possível, ao invés do que aconteceu com o Salazar !
Um abraço
É bem verdade que o homem esteve lá demasiado tempo, ao contrário dos que o precederam e dos que lhe sucederam. Relativamente a esses e a estes, e apesar das suas mais ou menos breves passagens pelo poder, muitos houve que melhor seria que lá tivessem estado ainda menos tempo, ou mesmo nenhum. É muito provável que o Passos seja um desses casos; tiraremos a prova dos nove quando nos confrontarmos com o(s) próximo(s).
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