É filho de um tamanqueiro. O seu primeiro nome é uma homenagem a Waldeck-Rousseau por quem, explicará mais tarde nas entrevistas, o seu pai manifestava uma grande admiração. Depois do seu serviço militar, exerceu a profissão de hortelão. Adere às juventudes comunistas em 1923 e em 1924 ao partido comunista francês. Em 1931 frequenta a escola do partido em Moscovo. Torna-se secretário do partido em Lião, depois vai para Paris. Representa Colombe-Nanterre (Sena) na Câmara de Deputados de 1936 a 1940. Funda o jornal A Terra em 1937.
Poucos saberão actualmente quem foi Waldeck Rochet (1905-1983), o secretário-geral do partido comunista francês (PCF) entre 1964 e 1972. O texto acima é a tradução do francês do primeiro parágrafo da sua biografia existente na Wikipédia. São entradas que costumam ser preservadas e vigiadas com zelo militante (que alguém experimente contribuir com menor ortodoxia na página de Álvaro Cunhal da Wikipédia para ver o que acontece ao seu contributo!…). Desde o princípio se nota como a redacção é cuidada. O pai de Waldeck Rochet poderia ser classificado como um sapateiro (é isso que acontece na versão inglesa), mas fazer tamancos de madeira confere ao filho um suplemento de humildade que é sempre benéfico na imagem de qualquer futuro dirigente comunista. Assim como é importante que o dirigente tenha exercido uma profissão humilde antes de imergir na política: Waldeck foi hortelão (assim como Jerónimo de Sousa afinou máquinas). Mas o encadeamento dos acontecimentos tal qual está redigido induz em erro. Por ordem cronológica, aos 18 anos Waldeck aderiu às juventudes comunistas (1923), com 19 tornou-se militante do PCF (1924), com 20 (em 1925) foi chamado a cumprir o serviço militar como acontecia com todos os jovens franceses da época, e só um ano e meio depois (1927) é que se terá tornado hortelão. Contudo em 1931, aos 26 anos, alguém já lhe reconhecera potencial para ir estagiar (e não propriamente horticultura...) para Moscovo. Antes dos 30 anos ocupava um cargo cimeiro da organização comunista na terceira maior cidade de França e aos 31 fora eleito deputado (a mesma idade de Vital Moreira quando se estreou na Assembleia Constituinte em 1975).
Quando ouço descrever como fenómeno novo a profissionalização desde a juventude do ofício de político, e como ele é protagonizado pelos membros das juventudes partidárias, e como isso se vem a reflectir numa enorme falta de entrosamento e empatia da classe política com a sociedade no seu todo, apetece-me replicar com estes exemplos que já têm antiguidades de 90 anos e que mostram quanto a profissionalização dos políticos não é afinal novidade nenhuma.
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