30 março 2013

OS ENTREVISTADORES

Agora, que já terão passado as ondas de choque da entrevista de José Sócrates, regresse-se ao tema para falar daquilo que não vi referido e que considero o pior de toda a entrevista: os entrevistadores. A mesma dupla já fizera o mesmo há seis meses quando entrevistou Passos Coelho, por isso não se poderá acusar Paulo Ferreira e Vítor Gonçalves de parcialidade, mas creio que o estilo de questionar alguém que eles parecem considerar seu antagonista não os leva a lado nenhum. Faz-me lembrar aquelas jogadas de futebol americano onde a equipa que defende placa todos os adversários: o que tem a bola e quem a não tem mas pode vir a ter. Ali, não contei nem cronometrei quantas vezes os entrevistados conseguiram ultrapassar a marca de um minuto concedido a falar sem interrupções mas o padrão, repetido, era o de uma nova pergunta encadeada na anterior, uns vinte a trinta segundos depois de começarem a responder. Ora reconheça-se que a esmagadora maioria de qualquer opinião precisa de mais do que isso para ser expressa…
Ajuda admitir, ao contrário do que se ouviu a Paulo Ferreira nesta última, que aquilo não é uma conversa: é uma entrevista. O jornalista não está ali em pé de igualdade com o entrevistado. O que atraiu a atenção dos espectadores naqueles dois casos foi a presença do primeiro-ministro ou de um ex-primeiro-ministro e não propriamente a fundamentação das opiniões contraditórias dos entrevistadores (quem é Paulo Ferreira?) que, encadeadamente, se fizeram notar ao longo das entrevistas. Eu poderia concluir, notando quanto o método é pouco inteligente se a intenção for apanhar o entrevistado em falso, pois aquelas placagens em cima impedem-no de ganhar velocidade, quando o efeito de uma rasteira se tornaria mais espectacular… Mas prefiro realçar quando esta opinião sobre a mediocridade da prestação dos profissionais envolvidos não parece ter sido compartilhada pelos maiores vultos da opinião publicada, num sinónimo de solidariedade corporativa, neste país onde a incompetência não é apenas da classe política...

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