Pode ser um exercício divertido usar esta tabela afixada em data incerta numa montra de uma casa de câmbios de Lisboa e procurar datá-la. Por exemplo, sabendo que é anterior a Fevereiro de 1961, ano em que a África do Sul adoptou como moeda o rand em substituição da libra que aparece na primeira linha do quadro. E pode ser mesmo anterior a 1958, ano em que Marrocos adoptou o dirham como moeda em substituição do franco. Porém, esta última informação contradiz a cotação que aparece atribuída ao franco francês, uma moeda que, à custa de sucessivas desvalorizações, na década de 1950 tinha um valor unitário mínimo (próximo do da lira italiana), antes que a introdução de uma nova moeda designada novo franco em 1 de Janeiro de 1960, equivalente a 100 dos francos franceses antigos, a tornasse mais pesada (para empregar uma expressão de de Gaulle). Uma outra informação, ou antes a ausência dela, reforça a hipótese 1960: a ausência de cotações para o franco congolês, atribuível à crise desencadeada naquele país com a sua independência nesse ano. Finalmente, quando se descobre que o franco marroquino circulou em paralelo com o dirham até 1974, o obstáculo à aceitação da data de 1960 parece desaparecer.
Repare-se como a selecção das moedas já expressa a integração europeia da nossa economia e a distribuição da diáspora portuguesa: Argentina, Brasil, Canadá, Congo Belga, África do Sul - mas ainda não Venezuela. E aquele que viria a ser o colosso industrial japonês e o seu iene ainda está ausente. Para rematar e apenas por curiosidade, note-se que o câmbio médio do marco alemão naquele dia de 1960 é de 7$20. Quase quarenta anos depois, quando da fixação dos câmbios para a entrada no €uro, era de 102$50 e há quem agora defenda que até assim o escudo ainda estava sobrevalorizado...
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