12 setembro 2006

OUTRO MAJOR (…MAS NOS ANTÍPODAS)

Aquilo que havia começado com toda a seriedade arrisca-se agora a atravessar uma fase de completa tragicomédia. É o que se consegue perceber, não só pelo conteúdo, mas sobretudo pelo tom das notícias do The Australian referentes aos mais recentes acontecimentos em Timor Leste.

Por um lado parece que as forças policiais abdicaram ostensivamente da sua tarefa de procurar o evadido major Reinado, enquanto que, por outro, se notícia a descoberta de que tinha sido a presidência da república a suportar anteriormente os custos da estadia do major numa pousada*.

Emparelhadas como estavam, as notícias informavam o leitor, sem o dizer expressamente, que seria inútil estar a perseguir um foragido da justiça num país onde aquele parece gozar do beneplácito do próprio presidente ou de alguém próximo da presidência – a mulher do presidente é expressamente referenciada no segundo dos artigos.

E, não sendo o The Australian um órgão oficial do governo australiano, não anda longe das suas posições traduzir assim o sentimento de alguma saturação sua – já expressa aliás pelo ministro Downer** – com as manobras subterrâneas e com as relações escusas que parecem dominar a política timorense.

Para as apreciar, é preciso ter-se uma costela lusitana, onde haja muitos almoços, muitos pás e palmadas nas costas, seguidas, como neste nosso caso da Liga e da FPF, de chamadas telefónicas para o major (o outro…) e para o Madaíl para acertar as coisas… Será que o major Reinado também usa o telemóvel para ligar para Xanana?

Tenhamos orgulho, que 25 anos de ocupação indonésia não representam nada e a nossa maneira de fazer as coisas parece estar viva em Timor Leste!

* Esta notícia já não se encontra acessível para ligação...
** Ministro dos negócios estrangeiros da Austrália.

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