Se a famosa intenção de que Angola fosse nossa é hoje identificável
com o regime deposto a 25 de Abril de 1974, a verdade é que a mentalidade
popular portuguesa, mesmo a da fracção do povo que se consciencializou mais depressa imediatamente depois
daquela data, permaneceu amarrada a uma visão pluricontinental do que seria o
espaço nacional em termos da recém descoberta intervenção política.
Assim, nesta fotografia feita em Fevereiro de 1975 na redacção do jornal República, o
camarada lá do fundo, que dá mostras daquela predilecção de enfeitar as paredes
junto ao seu local de trabalho com cartazes de organizações das suas simpatias,
mostra-se tão adepto do progressismo doméstico do MDP/CDE quanto do nacionalismo
progressista da FRELIMO moçambicana.
E mesmo um ano mais tarde, ainda se podia encontrar o mural acima no Cacém, vitoriando
um MPLA que assumia então os seus primeiros passos como vanguarda dirigente da
revolução angolana, a que não queria saber dos ex-colonialistas para nada, enquanto na esquerda portuguesa
se continuava romanticamente a ignorar qual o verdadeiro significado da expressão
autodeterminação dos povos…
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