
Numa série britânica que passou na
RTP vai para uns 25 anos intitulada
A Caixa que Mudou o Mundo (
entretanto recuperada pela RTP Memória), há um momento muito interessante em que um interveniente confessa que certo dia chegou atrasado a casa e perdeu o início de
Monty Python’s Flying Circus (abaixo). Ligou a televisão e deparou-se com um senhor idoso que pomposamente dissertava sobre as muralhas medievais de Gales o que o fez
desmanchar-se em gargalhadas. Assim esteve durante um minuto até se aperceber que o senhor, por muito que o lembrasse
John Cleese, estava a falar mesmo a sério: o programa dos
Monty Phyton havia sido substituído à última da hora...
Às vezes as situações ridículas precisam do enquadramento certo para nos desinibir e podermo-nos rir delas. Atentemos no texto que se segue:
Os acontecimentos de 19 de Agosto de 1991 na URSS (…)
constituíram uma tentativa desesperada e fracassada de altos dirigentes do Partido e do Estado soviéticos para impedir a desagregação da URSS, num episódio mais da aguda luta que então se travava na União Soviética pelos destinos deste poderoso país multinacional e do seu sistema socialista. Não vos parece uma sinopse de um enredo daqueles filmes de acção de Hollywood passado na Rússia, só que, neste caso, com os
comunistas renegados a desempenharem o papel de
bons?
Da mesma forma que o nosso espectador atrasado se
escangalhou a rir com a petulância do apresentador de um programa de televisão, se não soubermos em que circunstâncias foi escrito, não há quaisquer razões objectivas para conferirmos mais seriedade àquela descrição enviesada do Golpe na União Soviética de 1991 do que à que atribuiríamos, por exemplo, a um texto de um dos criativos das
Produções Fictícias. Resta-me rematar o
poste revelando que o texto é o início do
comunicado do PCP a respeito da evocação dos 20 anos do Golpe de 1991… Como tradicionalmente, os comunistas continuam a manter
aquela relação muito
imaginativa com o passado.
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