02 agosto 2011

«PÃES DE QUILO»

Ao contrário da classificação tradicional, em que quando se qualifica alguém de pão-de-quilo, refere-se uma pessoa insuportavelmente chata, que nunca mais se cala, uma verdadeira metralhadora verbal, exemplarmente a protagonista deste vídeo, um pão-de-quilo quando num sentido literário tem todo um outro significado: é uma qualificação atribuível a um livro que, tratando de um determinado tema, o faz com um detalhe tão excessivo que ultrapassa as expectativas do leitor acabando por o aborrecer.
Dois exemplares desse tipo de obra: Crete, de Antony Beevor, com 400 páginas sobre a Batalha de Creta na Segunda Guerra Mundial, sendo cerca de 150 páginas dedicadas aos doze dias em que se travou a batalha propriamente dita e as 250 seguintes sobre minudências vagamente associadas a ela, protagonizadas por oficiais ingleses que se conheciam quase todos de Oxford ou de Cambridge...
Também, 1967 de Tom Segev, o livro que estou a ver se consigo arfantemente terminar sobre a Guerra dos Seis Dias. Um livro detalhadíssimo mas apenas sobre a perspectiva israelita sobre o conflito. Mesmo unilateral estende-se por 680 páginas o que corresponde a uma média superior a 110 páginas por dia de conflito... Não inclui as ementas de Moshe Dayan mas não surpreenderia vê-las lá…

4 comentários:

  1. Esse Antony Beevor é de facto muito chato. Já li 3 obras dele, que comprei em tempos ("A Guerra Civil de Espanha", "Estalinegrado" e "A Queda de Berlim") e fiquei farto com os enjoativos pormenores sem qualquer utilidade informativa.
    Quanto ao Tom Seguev, não conheço, mas ainda bem que avisa; não o comprarei.

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  2. Ena pá!

    Para ler três obras de Antony Beevor e ter essa impressão dele como autor ("muito chato") ou foi por obrigação profissional ou então é mesmo masoquismo da sua parte, não é, Pi-Erre?

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  3. Não se trata de obrigação profissional (felizmente!...). Acontece que, quando a Guerra Civil de Espanha começou, já eu andava cá neste mundo e sempre tive curiosidade em saber como aconteceram os conflitos importantes que ocorreram pelo mundo fora ao longo da minha vida. Daí que por vezes me sujeite a ler autores de estilo desagradável com a esperança de ficar a saber qualquer coisa de útil, o que nem sempre consigo.
    Talvez haja aqui um pouco de "masoquismo" da minha parte,admito. Mas podia ser pior...

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  4. A minha opinião para qualquer dos três livros que menciona é que qualquer deles se conta entre os menos engajados e parciais sobre os conflitos que cobrem, o que - por muitos chatos que sejam - lhes confere uma qualidade que não é de descartar. O de Estalinegrado e especificamente sobre a Batalha de Estalinegrado não conheço livro alternativo.

    A excepção é mesmo este Creta, muito britânico no mau sentido do termo. Em contrapartida, já aqui fiz uma referência muito elogiosa a Paris após a Libertação 1944-49: http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2010/11/la-boheme-saudade-de-ter-saudades.html

    Se algo posso apontar aos livros A Queda de Berlim e O Dia D é que quase nada acrescentam ao que foi escrito em A Última Batalha e O Dia Mais Longo por Cornelius Ryan há 50 anos atrás...

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