O Poder sempre considerou o aparecimento de soldados armados em ambientes urbanos como uma ameaça – a não ser que fosse para desfilarem (acima). A associação entre armas e urbes tem sempre instintivamente algo de revolucionário… e ameaçador para o poder vigente. Em tempos de paz, os militares realizam exercícios de campo no campo mas não me recordo de qualquer exercício de cidade... E em tempos de guerra, como em Junho de 1940, o governo francês apressou-se a declarar cidades abertas (i.e. que não iriam ser defendidas) todas as localidades francesas com mais de 20.000 habitantes.
Mesmo assim, durante o resto da Segunda Guerra Mundial veio a assistir-se a diversos episódios de violentos combates urbanos, um ambiente que se torna vantajoso para os defensores quando estes não têm responsabilidades políticas para com as populações da cidade que usam (acima, soldados britânicos atacando os alemães em Nimega, na Holanda, no Outono de 1944). Todavia, o carácter anómalo de um soldado armado numa paisagem urbana em tempo de paz não se perdera quando em Agosto de 1969, o governo britânico decidiu destacar um contingente militar para intervir no Conflito da Irlanda do Norte.
O Conflito (The Troubles, no inglês original) era um problema político: o da relação entre duas comunidades que se hostilizavam – ⅔ da população eram protestantes e ⅓ católicos. E a questão que a presença dos militares pretendia superar era civil: a polícia local, conhecida por RUC era considerada facciosa pró-protestante, que era aliás a confissão religiosa de quase 90% dos seus membros. Em rigor, o governo britânico deveria ter destacado um contingente policial para combater imparcialmente as facções terroristas radicais das duas comunidades (a UVF e o IRA), mas isso seria dar razão aos católicos…
Mesmo assim, durante o resto da Segunda Guerra Mundial veio a assistir-se a diversos episódios de violentos combates urbanos, um ambiente que se torna vantajoso para os defensores quando estes não têm responsabilidades políticas para com as populações da cidade que usam (acima, soldados britânicos atacando os alemães em Nimega, na Holanda, no Outono de 1944). Todavia, o carácter anómalo de um soldado armado numa paisagem urbana em tempo de paz não se perdera quando em Agosto de 1969, o governo britânico decidiu destacar um contingente militar para intervir no Conflito da Irlanda do Norte.
O Conflito (The Troubles, no inglês original) era um problema político: o da relação entre duas comunidades que se hostilizavam – ⅔ da população eram protestantes e ⅓ católicos. E a questão que a presença dos militares pretendia superar era civil: a polícia local, conhecida por RUC era considerada facciosa pró-protestante, que era aliás a confissão religiosa de quase 90% dos seus membros. Em rigor, o governo britânico deveria ter destacado um contingente policial para combater imparcialmente as facções terroristas radicais das duas comunidades (a UVF e o IRA), mas isso seria dar razão aos católicos…
A novidade da presença de soldados numa paisagem urbana foi um tema que inspirou várias fotografias interessantes como os três exemplos aqui incluídos, que datam dos anos entre 1969 e 1971. Em Janeiro de 1972, depois do episódio do Domingo Sangrento (Bloody Sunday), os militares perderam todo o prestígio como forças neutrais junto da comunidade católica. Quanto às fotografias, note-se a coincidência dos dois soldados britânicos das fotografias acima serem negros, mas sobretudo abaixo a postura interrogadora da miúda de patins e a expressão do soldado, de quem se interroga sobre qual a resposta que lhe pode dar…
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