Mas evidentemente que, depois do alvo potencial da notícia ter deixado de ser o próprio primeiro-ministro, o interesse dito jornalístico do episódio desapareceu por completo. Porque na vida do jornalismo político é um suicídio hostilizar quem lhes enche as manjedouras. E quem lhes enche as manjedouras são aquele conjunto de assessores que gravitam à volta dos políticos, designados colectivamente por gabinete. Que, não por acaso, são, numa maioria dos casos, eles próprios jornalistas. Amanhã muda o governo e os papéis trocam-se. É isso que torna improvável que se venha a saber o nome do rapaz da cabeça oca…
31 maio 2010
QUEM É QUE SE QUERIA ENCONTRAR COM QUEM
Mas evidentemente que, depois do alvo potencial da notícia ter deixado de ser o próprio primeiro-ministro, o interesse dito jornalístico do episódio desapareceu por completo. Porque na vida do jornalismo político é um suicídio hostilizar quem lhes enche as manjedouras. E quem lhes enche as manjedouras são aquele conjunto de assessores que gravitam à volta dos políticos, designados colectivamente por gabinete. Que, não por acaso, são, numa maioria dos casos, eles próprios jornalistas. Amanhã muda o governo e os papéis trocam-se. É isso que torna improvável que se venha a saber o nome do rapaz da cabeça oca…
30 maio 2010
DE ABRIL PARA MAIO EM PORTUGAL
29 maio 2010
O QUEIJO QUE OS INTELECTUAIS COMUNISTAS TÊM COMIDO EM EXCESSO
Depois da Revolta de 17 de Junho
O Secretário da União de Escritores
Pôs panfletos a distribuir pela Avenida Estaline
Afirmando que o povo perdera a confiança do governo
E que só a poderia reconquistar
Através de esforços redobrados. Não teria sido mais simples,
Nesse caso, para o governo
Dissolver o povo
E eleger um novo?
¹Die Lösung (A Solução)
ließ der Sekretär des Schriftstellerverbandes
in der Stalinallee Flugblätter verteilen,
auf denen zu lesen war, daß das Volk
das Vertrauen der Regierung verscherzt habe
und es nur durch verdoppelte Arbeit
zurückerobern könne. Wäre es da
nicht einfacher, die Regierung
löste das Volk auf
und wählte ein anderes?
³ Odete Santos, nesta entrevista, minimiza deliberadamente os acontecimentos que estiveram por detrás do poema: (Brecht) escreveu um poema muito interessante numa altura em que houve um desaguisado entre o povo e um comité local do PCP.
MAIS UMA JORNADA DE LUTA – MAS SEM A PARTICIPAÇÃO DOS BLINDADOS…
Dias como os de hoje são sempre anunciados de forma combativa – Jornadas de Luta! – e o resultado do combate é tradicionalmente previsível, com a vitória do proletariado – a burguesia é vencida por falta de comparência… Neste dia primaveril onde a esquerda radical se começa a congratular antecipadamente por mais uma demonstração do poder dos trabalhadores nas ruas, ocorreu-me voltar a não deixar que Apagassem a Memória! e a evocar outros dias primaveris do passado em que outros trabalhadores também vieram para as ruas lutar…
Diga-se, entretanto, que há uma certa injustiça em que, nestas invocações, se confronte apenas as incoerências dos comunistas, que os bloquistas da outra esquerda radical, com o rebranding por que passaram, parecem ter perdido o seu passado: Francisco Louçã não nos pode esclarecer sobre as conquistas do socialismo albanês; Miguel Portas dissociar-se-á talvez dos excessos da Revolução Cultural chinesa; já Fernando Rosas não nos pode esclarecer sobre algumas passagens mais controversas dos textos de Trotsky e Ana Drago é apenas tonta.
Como se pode observar por este conjunto de fotografias, deu-se mais um daqueles momentos gloriosos do poder de persuasão da dialéctica marxista-leninista, em que o rugir do motor de um T-34/85 é imbatível a esclarecer as massas operárias… Foram mais do que retóricas jornadas de luta: morreram pessoas. Felizmente, e não graças aos vencedores desta jornada de luta, vivemos numa democracia verdadeira. A última vez que os blindados saíram à rua em Lisboa foram para derrubar um regime caduco, não para esclarecer a classe operária…
Convém não esquecer estas coisas...
28 maio 2010
ALGUNS QUADROS DE MONET
O impressionismo já existia nos quadros anteriores de Claude Monet, como o de cima, datado de 1869 e intitulado La Grenouillère, uma piscina natural com um café adjacente nas margens do Rio Sena que o autor frequentava com Auguste Renoir (1841-1919) que é autor de um quadro muito semelhante. Porém, a palavra impressionismo terá nascido como uma espécie de sound bite depreciativo criado pela imaginação de um hoje anónimo crítico artístico numa exposição realizada em Paris em 1874. Os criticados acarinharam a palavra…
27 maio 2010
UMA MODERNA HISTÓRIA DE PRINCESAS
Foi em Agosto de 1992 que rebentou a bomba no Daily Mirror (acima). Não foi a primeira vez que um paparazzo viu a sua persistência recompensada, mas o conjunto de fotografias que o jornal publicou é considerado um dos mais conseguidos da história da actividade. A que se impôs naquele lote foi a de baixo, em que o companheiro de Sarah – um americano chamado John Bryan – lhe chuparia o dedão do pé enquanto o Sol da Riviera francesa fazia reluzir a sua careca e bronzeava um pouco mais as mamas da Duquesa que fazia topless à borda da piscina...
O ridículo da situação pesou de forma desfavorável junto da Casa Real de e na imagem pública de Sarah Ferguson e, depois de quatro anos de separação oficial, os Duques divorciaram-se em 1996. Mas eu não a teria escolhido para tema deste poste não se tivesse ela metido novamente em sarilhos com outro jornal tablóide, o News of the World (NoW, abaixo). Sinal dos tempos, já não se trata de fotografias, mas de um vídeo em que se pode ver a Duquesa numa entrevista, já um bocado entornada, a prometer, por meio milhão de libras, o acesso ao seu ex-marido.
O NoW é conhecido por esta prática jornalística de forçar a notícia: foi um jornalista seu que, disfarçado de empresário, abordou Sarah mostrando-se interessado em comprar a sua influência junto de André. É um processo de uma deontologia mais do que duvidosa e que nem sequer procura justiça. No caso, mais do que venal, Sarah mostra ser gananciosa e estúpida, ao nem se perguntar por que razão alguém se disporia a pagar-lhe tanto dinheiro pelo contacto com quem tem um cargo sobretudo protocolar e que, como a própria reconhece, nem sequer é corruptível…
26 maio 2010
AS FILAS DO CAPITALISMO E AS FILAS DO COMUNISMO
O que o capitalismo se limitou a fazer foi a amenizar de alguma forma o impacto social desse desemprego através da criação de sistemas de segurança social, agora também em crise.
Mas quando se ouve o discurso moralista dos herdeiros do antigo sistema rival do capitalismo, onde não haveria desempregados, convém afixar outras fotografias históricas para comparação.
25 maio 2010
UMA CULTURA INSTALADA: A NECESSIDADE DA APRESENTAÇÃO DA CARTA DE CONDUÇÃO…
- Não, não. Pede-lhes também as cartas de condução. Nunca se sabe… - corrigiu o colega mais graduado.
É nestes momentos que se percebe o que custa a quem é jovem alterar uma cultura de mediocridade que já há muito está instalada…
QUANDO OS JOVENS RICOS SE ABORRECEM
Considerado como totalmente desprovidos de sentimentos, conforme uma famosa fotografia (acima) dos dois em pleno julgamento pretende realçar, ao mesmo tempo que excepcionalmente inteligentes, o que ajudará ao enredo mas é muito mais duvidoso, considerando todos os erros que cometeram e que fizeram com que viessem a ser descobertos, acabaram por ser condenados a prisão perpétua (pelo homicídio) e a mais 99 anos (pelo rapto de Franks). Loeb morreu na prisão em 1936 mas Leopold veio a ser libertado condicionalmente em 1958.
Mas a vítima acabou por vir a aderir e a integrar a organização que a raptara (fotografia acima), tendo participado mesmo em alguns assaltos a bancos... Capturada (ou libertada…) 19 meses depois do rapto, veio a ser julgada e por sua vez condenada a 35 anos de prisão, dos quais apenas cumpriu 22 meses… Na continuidade, cerca de 25 anos depois desses últimos acontecimentos houve ainda um outro jovem rico que se aborrecia e que, embora não sendo de origem norte-americana, conseguiu mais uma vez captar a atenção mediática dos Estados Unidos…
¹ O símbolo do grupo era uma cobra estilizada de sete cabeças conforme se vê na bandeira por detrás de Patty Hearst.
24 maio 2010
O DISCURSO DO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA EUROPA
Mega-Cola! Mega-Cola! Mega-Cola! Os jovens têm sede de presidência! O presidente tem sede de juventude! Por isso bebem: Mega-Cola! É bom, Mega-Cola! É bom, é borbulhante, como o nosso presidente: Mega-Cola!
Consumidoras! Consumidores!
Será que vos devo agradecer pelo vosso apoio caloroso e maciço? Um presidente que acabou de ser reeleito não agradece, ele justifica a vossa confiança pelos actos e um programa. Esta Europa cuja responsabilidade pesa sobre mim encontra-se num momento crucial. Há quem pretenda que as nossas estradas, as nossas telecomunicações, os nossos espaços de cultura acelerada, as nossas cúpulas de existência experimental estão em crise… Uma crise? Mas claro que sim! A mais sã que possamos imaginar: uma crise de crescimento. E qual é o pai que não se orgulha de ver os seus filhos crescer? Crescer e prosperar! O meu governo soube resolver a equação: a cada um o consumo que quiser segundo a produção que lhe compete.
Sim, meus caros concidadãos consumidores: o futuro sorri-vos tal qual eu sorrio para vós neste momento!
PDG! PDG! Viram os dentes do nosso presidente? São (…………………) E tudo porque ele usa PDG! PDG! A Pasta Dentífrica Governamental. Façam como o nosso presidente, usem também PDG, a Pasta Dentífrica Governamental. Dentes tão brancos são um escândalo! PDG!
Escândalo? Mas que escândalo? Falemos de escândalos. São (…...) desses promotores de desordens que pretendem colectivizar esses espaços livres em detrimento da iniciativa individual. Enfim, todos sabem que um espaço livre é livre e se ele é livre então está à venda! É necessário arrancar os espaços improdutivos a essa concepção retrógrada do estetismo ecológico duma colectividade marginal que nós (………) nas suas estruturas secretas. Nós iremos forçar esses grupos, sindicatos e partidos a respirar de acordo com as nossas normas políticas. E o nosso governo está em condições de vos prometer para amanhã uma redução na ordem dos 15% na taxa de consumo do ar potável!
Respirem em cores! Viram a máscara de gás do papá? A nova máscara a gás Colibri acabou de sair! Tão pequena! A (……….), a (………..), a flores. Respirem em cores! Todas as raparigas a experimentam. A venda em todos os Megalopoliprix. Com a máscara a gás Colibri serão um sucesso nos engarrafamentos…
A batalha da circulação será a nossa vitória. O Reno, o Danúbio, o Tibre, o Sena e o Tamisa, essas maravilhosas vias de circulação natural serão cobertas de betão… para vos permitir ir mais rapidamente e mais longe. Nós já tínhamos as auto-estradas, agora teremos os auto-rios! Quanto… obrigado, obrigado... quanto ao problema dos resíduos industriais poluentes de todos os tipos, também aí encontrámos uma solução rápida e eficaz: esses resíduos serão, a partir do próximo semestre, evacuados quotidianamente pelos nossos mísseis da nossa base europeia da Sicília para a Lua! Sim, a Lua! Esse caixote de lixo celeste que a Natureza nos colocou no nosso Espaço próximo e possível!
Vinte e quatro horas sobre vinte e quatro, a vida será mais segura, com Hercule o compressor, dos seus pequenos excrementos. Sim! Construa você mesmo o seu abrigo anti-atómico graças a Hercule o mini compressor. Hercule, o mini compressor de excrementos faz tijolos duros, duros, duros, duros, duros, duros, verdadeiramente duros.
Ganhámos a batalha do ar. Os nossos Bango 12, 35 e 60 conquistaram todos os mercados da aviação mundial. Ganhámos a batalha da paz. Exportamos para o mundo inteiro os nossos mísseis bacteriológicos, única fórmula de equilíbrio entre as grandes potências. Ganhámos a batalha do petróleo graças aos nossos poços submarinos do Pireu, de San Remo, de Rimini, de Saint Tropez e de (….) Os vossos automóveis nunca mais terão sede! E ganhámos a batalha da energia. Megalópolis centralizou todo o parque das centrais termonucleares da Europa à volta de uma única e maravilhosa rede. É assim que a nossa bem-amada capital tomou a seu cargo a distribuição de energia a todos os lares e fábricas de todas as cidades dos nossos Estados Unidos.
Cada um destes feitos faz com que nos situemos nos primeiros lugares da produção mundial, logo imediatamente a seguir à China e muito à frente dos USA. As minorias barulhentas estão agora remetidas ao silêncio. É o crepúsculo dos grupúsculos.
Consumidores! Consumidoras!
Temos assim uma república pura, madura, dura e segura. Viva Megalópolis! Viva esta Europa da liberdade!
¹ Mas que disparate! (em alemão)
23 maio 2010
VIVA A FRELIMO! ABAIXO OS CORRUPTOS!
AS CERIMÓNIAS DA DEPOSIÇÃO DE COROAS DE FLORES
22 maio 2010
WOLOF, O DIALECTO DO PROFESSOR
Sendo senegalês, então muito provavelmente a língua que conferiria aquele carácter práfrentex às suas aulas tornando os seus jovens alunos muito mais cosmopolitas desde tenra idade seria o wolof, que é a língua materna de cerca de 40% da população senegalesa e que depois da independência (1960) se tornou a lingua franca coloquial naquele país – a lingua franca escrita continuou a ser o francês. Em Seven Seconds (vídeoclip acima), um estrondoso êxito musical de 1994, as primeiras estrofes que o cantor (Youssou N´Dour – que também é senegalês) canta são precisamente em wolof. À mãe em questão, embora atenta, deve-lhe ter escapado a música...
21 maio 2010
A VIDA DOS OUTROS
Ao contrário da de Rita Rato, trata-se de uma história com alguém que aparece sempre como pessoa muito bem informada e que se reclama ter estado – pelo menos a partir de certa altura da sua viagem ideológica… – do outro lado do Muro de Berlim. E que se sabe condenar de forma enérgica o ambiente de vigilância e denúncia que se viveu em sociedades como a da Alemanha oriental. Pelo menos na teoria. Porém, na prática, José Pacheco Pereira parece considerar que escutas, que foram autorizadas judicialmente para um certo fim, podem legitimar-se à posteriori para um outro fim… Era assim que a Stasi justificava as suas escutas preventivas e eu não tenho Pacheco Pereira na mesma fraca conta que Rita Rato…
20 maio 2010
A HISTÓRIA DE QUEM, DANDO O ESTOIRO NOS MERCADOS, PARECE VENCER EM ALGUMAS NOTÍCIAS
Relacionado de algum modo com esse disparate, pergunto-me que passará pela cabeça de um editor de um jornal como o Público e que critérios jornalísticos poderá ele invocar quando, numa coluna da página 7 da edição de hoje (reproduzida à esquerda, pode-se ampliar), em que se apresentam as reacções dos partidos da oposição parlamentar à entrevista dada por José Sócrates à RTP anteontem, se escolhe dar-lhe o título e começar a notícia pela importantíssima opinião de João Rendeiro, em detrimento das de Miguel Relvas do PSD, Paulo Portas do CDS-PP, Dias Coelho do PCP e José Manuel Pureza do BE.
No fim, lê-se que a notícia é da co-autoria da Lusa, e é para esta dupla imbatível formada pelo jornal e pela agência noticiosa que eu, se bem percebi o critério de interesse jornalístico que levou àquela hierarquização das opiniões sobre a entrevista do primeiro-ministro, lanço este meu desafio: que tal, numa próxima ocasião, começar por pedir e dar destaque à opinião de João Vale e Azevedo?... Não se lhe reconhece a ele também um perfil «vencedor»?
TERIA O PROZAC REDUZIDO O TERRORISMO URBANO NA EUROPA DA DÉCADA DE 70?
Parece que Meinhof viveu aquela época em que era politicamente incorrecto, em que seria até ofensivo, associar a opção pelo terrorismo urbano a desequilíbrios psiquiátricos. Num tempo em que quem se revoltava inventava slogans tão imaginativos como É proibido proibir, parece, visto a esta distância, que essa intenção de liberdade total também guardava os seus tabus, como o de evitar colocar a hipótese que, entre aqueles que então se revoltavam ultrapassando as fronteiras da violência, pudesse haver desequilibrados psiquiátricos…
19 maio 2010
A CAMPÂNULA INVISIVEL
18 maio 2010
– É TRETA, PÁ!
b) Nas relações europeias, manda quem pode, obedece quem deve.
c) No mundo académico, ninguém conclui licenciaturas ao Domingo.
Da mesma forma com que terminei aquele poste, deixem-me que vos diga com toda a sinceridade que a tentativa de desmentido de José Sócrates só terá qualquer valor se ele apresentar o tal brinquinho do ministro das finanças sueco, de preferência com um bocadinho de orelha agarrada…
SÓ AS MÁS NOTÍCIAS É QUE SÃO BOAS NOTÍCIAS?
17 maio 2010
LYNDON JOHNSON E A ANEDOTA
AGORA, MAIS DO QUE PORREIRO, É DO CARAÇAS, PÁ!!!
PS - Agora é que eu gostava de ver o animal feroz que também consta haver em Sócrates e vê-lo exibir como troféu o brinquinho do ministro sueco (acima), de preferência com um bocadinho de orelha agarrada...
16 maio 2010
ANNA JULIA E OS JORNALISTAS
Um outro aspecto, menos musical, que os caracterizou e mos tornou simpáticos tem sido o de se mostrarem pouco complacentes com a incompetência de alguns jornalistas que os entrevistaram – especialmente os vocalistas Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, cujo apelido, aliás, já foi confundido numa entrevista com Campelo, trocadilho que se veio a tornar posteriormente numa espécie de sinónimo de entrevista tonta. Eles também sabem dar entrevistas normais…
A VITÓRIA DA LINHA NEGRA SOBRE A LINHA VERMELHA
O que eu me recordo é que, logo depois do 25 de Abril, Saldanha Sanches se tornou conhecido, não propriamente como um rosto¹, mas como um nome repetidamente pintado por quase todas as paredes aproveitáveis de Lisboa, que denunciavam a prisão do director do Luta Popular (acima). Parecia coisa grave, mas os apelos para que todos promovêssemos a sua libertação imediata eram pincelados com uma redacção irritantemente imperativa...
Com a minha cultura política actual, percebo agora que essa ausência da imagem do injustiçado director preso não era casual. Estava-se em tempos onde os dirigentes eram grandes, mas as tolerâncias à discordância eram mínimas, onde, como os acontecimentos de Oriente tinham mostrado, a organização onde Sanches militava apenas deveria dever obediência a um Grande Dirigente e Educador do Proletariado Português como o do cartaz acima: Arnaldo Matos.
Depois de se promover dentro do MRPP uma espécie de mini-revolução cultural muito à nossa maneira, a Linha Vermelha do Grande Matos tinha de triunfar sobre a Linha Negra do Renegado Sanches (acima). Mas, perante esta reacção de simpatia que a morte de Saldanha Sanches tem gerado, apesar do tempo, não pude deixar de sorrir à ideia de que esta onda de simpatia se trate de uma desforra tardia da sua Linha Negra sobre a Linha Vermelha…
¹ Ao contrário do que pretende Fernando Rosas, sucessor de Saldanha Sanches como director do Luta Popular. Além do de Arnaldo Matos, o único rosto promovido pelo MRPP era o do mártir Ribeiro Santos.