De uma forma um
pouco maldosa, poder-se-á deduzir que algo de verdadeiramente importante se terá passado no princípio deste semana em Bruxelas: é que os detalhes dos acontecimentos dessa reunião terão passado quase completamente
ao lado de
António Esteves Martins, Fernando de Sousa e de todos os outros correspondentes destacados para Bruxelas para
nos informar sobre o que lá se passa... Porque quando o que lá se está a passar é mesmo
deveras importante, então ninguém estará para perder tempo em
coreografias para entreter correspondentes, que aquela reunião até se terá prolongado pela noite dentro…

Mas,
nestas coisas de Europa, o que foge ao
canónico é o que desperta a atenção. Quando um jornal espanhol (o mesmo
El País) publica ontem uma notícia em que o herói não é espanhol mas sim francês, aí é que as coisas se tornam mesmos
interessantes e a novidade atravessa o continente
a galope:
durante a tal reunião histórica Sarkozy terá ameaçado sair do euro e encostado Merkel à parede… Uma história destas só adquire
consistência quando é rapidamente desmentida (
como já o foi por Zapatero, Merkel e Sarkozy) mas sem qualquer esclarecimento adicional quanto ao que possa ter verdadeiramente acontecido…

Serão proporcionalmente poucos os que a seguem, mas a
ingenuidade dos europeus que seguem a evolução da
construção europeia tende a escassear
¹. Os interesses nacionais que qualquer daqueles dirigentes tem que defender nestas reuniões e as alianças que acabam por se formar têm uma História milenar atrás de si. Neste caso que (
não) aconteceu, o
bloco latino (França, Itália, Espanha) que (
não) se teria oposto ao
bloco germânico, (
não) repete os contornos do Império Romano do Ocidente do Século V (
1ª figura) com a sua fronteira do Reno, que depois foi recuperada no Século XIX por Napoleão para o seu Império (
2ª figura)...

E, do outro lado do Rio Reno, (
não) ficarão os contornos dos II e III Reich (
3ª Figura), qualquer um deles demasiado recentes para nos deixarem uma
boa impressão... Paradoxalmente, o Império Carolíngio do Século IX (
figura acima), cuja configuração é aquela que mais se aproxima do repetidamente citado
eixo franco-alemão, foi uma das construções políticas mais frágeis da História europeia... A União Europeia fez com que deixássemos de nos guerrear pelos nossos interesses – e isso já é muito importante! Mas não acreditemos que, num par de gerações, tenha conseguido fazer dos povos europeus
irmãos desinteressados que vão mudar a História…
Mais uma vez lúcido e rigoroso.
ResponderEliminarTalvez os alemães quisessem recuperar alguns dos seus dinheiros emprestados, pois com um euro fraco vai aumentar as exportações dos alemães e dos países Benelux.
ResponderEliminarcumprimentos de Antuérpia
Talvez, alfacinha, mas sem crédito não vão ser os Piigs que lhes vão comprar grande coisa...
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