São estas pequenas descobertas que, numa atitude de fazer lembrar um coleccionador de antiguidades, transformam a blogosfera num território ainda e sempre interessante. Vale a pena ver-se de antemão o filme acima mais a sua tradução, que levanta a hipótese de que Irene Pimentel, a autora do parágrafo acima citado, talvez se tenha contido em excesso no seu diagnóstico. Não é descabido levantar a dúvida se o evidente desequilíbrio ali manifestado por Ulrike Meinhof será momentâneo ou será mesmo estrutural…
É curioso como, entre o que eu já sabia sobre as actividades da autodesignada Rote Armee Fraktion (a designação «Baader-Meinhof» terá tido origem jornalística e é, aliás, enganadora: o núcleo central dirigente do grupo original era constituído pelo casal Andreas Baader/Gudrun Ensslin), e que até incluía o pormenor acessório das suas preferências musicais rituais quando da preparação de mais uma das suas operações (A Whiter Shade of Pale dos Procol Harum), mas nunca tivesse tido ocasião de ver as devastadoras imagens acima…
É que, comparados com o discurso que acima ouvimos a Ulrike Meinhof, os de Renato Curcio em Itália ou de Isabel do Carmo entre nós até podem passar por modelos de consistência, muito embora o proletariado, o eterno pretexto para a acção violenta de todos eles, nunca mostrasse ter acompanhado tanta visão política… Como também não se dá muita relevância ao facto de Jean-Paul Sartre ter ido visitar Andreas Baader à prisão de onde saiu criticando o sistema penal alemão, mas com a opinião que o prisioneiro era um enorme cretino: Quel Con!
Parece que Meinhof viveu aquela época em que era politicamente incorrecto, em que seria até ofensivo, associar a opção pelo terrorismo urbano a desequilíbrios psiquiátricos. Num tempo em que quem se revoltava inventava slogans tão imaginativos como É proibido proibir, parece, visto a esta distância, que essa intenção de liberdade total também guardava os seus tabus, como o de evitar colocar a hipótese que, entre aqueles que então se revoltavam ultrapassando as fronteiras da violência, pudesse haver desequilibrados psiquiátricos…
Parece que Meinhof viveu aquela época em que era politicamente incorrecto, em que seria até ofensivo, associar a opção pelo terrorismo urbano a desequilíbrios psiquiátricos. Num tempo em que quem se revoltava inventava slogans tão imaginativos como É proibido proibir, parece, visto a esta distância, que essa intenção de liberdade total também guardava os seus tabus, como o de evitar colocar a hipótese que, entre aqueles que então se revoltavam ultrapassando as fronteiras da violência, pudesse haver desequilibrados psiquiátricos…
A canção dos Boomtown Rats foi inspirada em Brenda Ann Spencer que, em 1979, decidiu começar a disparar sobre o pátio de recreio de uma escola primária, matando duas pessoas e ferindo outras nove. Quando capturada e questionada sobre as razões para o seu acto, em vez de afirmar que escolhera aquele gesto para expor a opressão do sistema educativo que formatava o futuro proletariado desde a infância, ou denunciar a organização preversa da semana pelo capitalismo, apenas disse que não gostava das Segundas-Feiras...
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