11 maio 2010

LE MANS 1955

Na competição feroz que sempre se travou entre espectáculo e segurança, nos meados da década de cinquenta o primeiro levava um grande avanço sobre a segunda no que dizia respeito aos desportos motorizados. A 23ª edição das célebres 24 Horas de Le Mans que se iria disputar em Junho de 1955 (acima) prometia ser mais uma competição feroz entre várias escuderias (paradoxalmente nenhuma delas francesa…), cada uma delas apresentando máquinas que atingiam velocidades na ordem dos 280 km/h.
Pouco mais de duas horas depois do início da corrida, em consequência de um incidente de corrida precisamente na recta da meta (acima), um Mercedes-Benz 300 SLR acabou por galgar a traseira do carro que o precedia a mais de 200 km/h para vir chocar e desconjuntar-se contra a barreira lateral e sobre a multidão que se acotovelava por detrás dela, incendiando-se quase de seguida, conforme se pode ver no vídeo abaixo. Tendo provocado mais de 80 mortos, foi o maior desastre associado à competição automóvel.

Devido às circunstâncias, existem imensas fotografias, não apenas instantâneos dos momentos do acidente, como de tudo aquilo que se seguiu, e da incompleta incapacidade dos serviços de emergência em lidar com um desastre daquelas proporções, simbolizado no facto dos bombeiros terem começado por combater o incêndio do chassis ultraleve de liga de magnésio do Mercedes com água, o que só o avivou ainda mais… Porém, as fotografias que escolhi são mais simbólicas, tiradas uma a duas horas depois da confusão inicial…
Escolhi a primeira (acima) por causa daquele jornal aberto que alguém estaria a ler no momento do acidente, e que ali continua jazendo no meio de peças de vestuário e de calçado e dos cadáveres (à direita) ainda por evacuar. Escolhi a segunda (abaixo) por causa da presença dos padres (de sotaina, à direita), provavelmente empenhados em administrar a extrema-unção a esses mesmos cadáveres, numa tarefa que, dadas as circunstâncias acima descritas, não terá sido muito útil mas que se revela sempre reconfortante
Esta última é uma evocação que, pela semelhança, até virá a propósito neste dia da chegada de Bento XVI a Portugal, numa visita igualmente pouco útil porém reconfortante

2 comentários:

  1. Desastre por desastre, este, pelo menos, é só financeiro. Como a Ordem é rica...

    ResponderEliminar
  2. E o coro dos meninos da Academia de Sta. Cecília cantava: " Na, na,na,na,na,na,na,na,na...we're gonna crash!

    ResponderEliminar