
Estarei provavelmente certo quando aposto que não todos, mas uma apreciável maioria dos leitores deste
blogue terão identificado
James Dean (1931-1955), o actor norte-americano ícone da geração rebelde da década de cinquenta, no lado esquerdo da fotografia acima. Estarei também certo que, com a remota excepção de algum antigo militante maoista (mas daqueles que eram verdadeiramente
aplicados…), ninguém reconhecerá e tão pouco saberá quem foi o chinês
Lei Feng (雷锋, 1940-1962), o seu
companheiro do lado direito na mesma fotografia.

Menos de dez anos de diferença os separam e ambos morreram novíssimos (com 24 e 22 anos, respectivamente). Por causa dessas mortes precoces, os países que os viram nascer vieram a transformá-los em ícones culturais das juventudes da época que viveram. Mas, se isso os aproxima, os valores dessas mesmas sociedades separam-nos quase completamente quanto à iconografia. Não é em vão que, na fotografia acima, os adereços de James Dean são uma mota e um blusão de cabedal e os de Lei Feng uma pistola-metralhadora e um uniforme militar.

James Dean seria a expressão
da rebeldia de uma juventude saciada mas
angustiada; Lei Feng exprimiria
o empenho de uma juventude que
estava muito longe de estar saciada e que não se podia dar ao
luxo desses
estados de alma. Aqui na Europa, então em reconstrução dos estragos da Segunda Guerra Mundial, estávamos a meio caminho entre esses dois extremos. Mesmo que só reconheçamos James Dean, vale a pena perceber que a nossa História recente não é só a dos Estados Unidos, e que os ícones de além Atlântico são apenas uma fracção da Cultura da Humanidade…

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