O discurso do presidente dos Estados Unidos da Europa do vídeo abaixo data já de 1972. Fiz dele um arremedo de tradução para aqueles menos familiarizados com o francês e agradecia que os mais familiarizados contribuíssem para a melhoria desse arremedo. Já falei aqui do seu autor, Herbert Pagani, um judeu de origem líbia que devia muito da sua formação cultural à impertinência italiana, como se percebe por esta visão mediterrânica particularmente irónica da unidade europeia. Que se torna muito oportuna nos dias que correm. Mas a maior ironia de todas será talvez o idioma em que é proferido o discurso e o destaque que o autor do vídeo pretendeu dar a Nicolas Sarkozy usando-o no lugar da figura simbólica do presidente... Os franceses a dirigirem a Europa?!… Was für ein Unsinn¹!
Bom dia caros telespectadores. É para mim um enorme prazer, uma emoção tremenda e uma grande honra anunciar-vos que iremos transmitir em directo do Grande Estádio de Megalópolis o discurso do Senhor Maxim van der Love, o nosso bem-amado presidente-director-geral dos Estados Unidos da Europa. E não se esqueçam que esta emissão vos é oferecida por…
Mega-Cola! Mega-Cola! Mega-Cola! Os jovens têm sede de presidência! O presidente tem sede de juventude! Por isso bebem: Mega-Cola! É bom, Mega-Cola! É bom, é borbulhante, como o nosso presidente: Mega-Cola!
Consumidoras! Consumidores!
Será que vos devo agradecer pelo vosso apoio caloroso e maciço? Um presidente que acabou de ser reeleito não agradece, ele justifica a vossa confiança pelos actos e um programa. Esta Europa cuja responsabilidade pesa sobre mim encontra-se num momento crucial. Há quem pretenda que as nossas estradas, as nossas telecomunicações, os nossos espaços de cultura acelerada, as nossas cúpulas de existência experimental estão em crise… Uma crise? Mas claro que sim! A mais sã que possamos imaginar: uma crise de crescimento. E qual é o pai que não se orgulha de ver os seus filhos crescer? Crescer e prosperar! O meu governo soube resolver a equação: a cada um o consumo que quiser segundo a produção que lhe compete.
Sim, meus caros concidadãos consumidores: o futuro sorri-vos tal qual eu sorrio para vós neste momento!
PDG! PDG! Viram os dentes do nosso presidente? São (…………………) E tudo porque ele usa PDG! PDG! A Pasta Dentífrica Governamental. Façam como o nosso presidente, usem também PDG, a Pasta Dentífrica Governamental. Dentes tão brancos são um escândalo! PDG!
Escândalo? Mas que escândalo? Falemos de escândalos. São (…...) desses promotores de desordens que pretendem colectivizar esses espaços livres em detrimento da iniciativa individual. Enfim, todos sabem que um espaço livre é livre e se ele é livre então está à venda! É necessário arrancar os espaços improdutivos a essa concepção retrógrada do estetismo ecológico duma colectividade marginal que nós (………) nas suas estruturas secretas. Nós iremos forçar esses grupos, sindicatos e partidos a respirar de acordo com as nossas normas políticas. E o nosso governo está em condições de vos prometer para amanhã uma redução na ordem dos 15% na taxa de consumo do ar potável!
Respirem em cores! Viram a máscara de gás do papá? A nova máscara a gás Colibri acabou de sair! Tão pequena! A (……….), a (………..), a flores. Respirem em cores! Todas as raparigas a experimentam. A venda em todos os Megalopoliprix. Com a máscara a gás Colibri serão um sucesso nos engarrafamentos…
A batalha da circulação será a nossa vitória. O Reno, o Danúbio, o Tibre, o Sena e o Tamisa, essas maravilhosas vias de circulação natural serão cobertas de betão… para vos permitir ir mais rapidamente e mais longe. Nós já tínhamos as auto-estradas, agora teremos os auto-rios! Quanto… obrigado, obrigado... quanto ao problema dos resíduos industriais poluentes de todos os tipos, também aí encontrámos uma solução rápida e eficaz: esses resíduos serão, a partir do próximo semestre, evacuados quotidianamente pelos nossos mísseis da nossa base europeia da Sicília para a Lua! Sim, a Lua! Esse caixote de lixo celeste que a Natureza nos colocou no nosso Espaço próximo e possível!
Vinte e quatro horas sobre vinte e quatro, a vida será mais segura, com Hercule o compressor, dos seus pequenos excrementos. Sim! Construa você mesmo o seu abrigo anti-atómico graças a Hercule o mini compressor. Hercule, o mini compressor de excrementos faz tijolos duros, duros, duros, duros, duros, duros, verdadeiramente duros.
Ganhámos a batalha do ar. Os nossos Bango 12, 35 e 60 conquistaram todos os mercados da aviação mundial. Ganhámos a batalha da paz. Exportamos para o mundo inteiro os nossos mísseis bacteriológicos, única fórmula de equilíbrio entre as grandes potências. Ganhámos a batalha do petróleo graças aos nossos poços submarinos do Pireu, de San Remo, de Rimini, de Saint Tropez e de (….) Os vossos automóveis nunca mais terão sede! E ganhámos a batalha da energia. Megalópolis centralizou todo o parque das centrais termonucleares da Europa à volta de uma única e maravilhosa rede. É assim que a nossa bem-amada capital tomou a seu cargo a distribuição de energia a todos os lares e fábricas de todas as cidades dos nossos Estados Unidos.
Cada um destes feitos faz com que nos situemos nos primeiros lugares da produção mundial, logo imediatamente a seguir à China e muito à frente dos USA. As minorias barulhentas estão agora remetidas ao silêncio. É o crepúsculo dos grupúsculos.
Consumidores! Consumidoras!
Temos assim uma república pura, madura, dura e segura. Viva Megalópolis! Viva esta Europa da liberdade!
¹ Mas que disparate! (em alemão)
Mega-Cola! Mega-Cola! Mega-Cola! Os jovens têm sede de presidência! O presidente tem sede de juventude! Por isso bebem: Mega-Cola! É bom, Mega-Cola! É bom, é borbulhante, como o nosso presidente: Mega-Cola!
Consumidoras! Consumidores!
Será que vos devo agradecer pelo vosso apoio caloroso e maciço? Um presidente que acabou de ser reeleito não agradece, ele justifica a vossa confiança pelos actos e um programa. Esta Europa cuja responsabilidade pesa sobre mim encontra-se num momento crucial. Há quem pretenda que as nossas estradas, as nossas telecomunicações, os nossos espaços de cultura acelerada, as nossas cúpulas de existência experimental estão em crise… Uma crise? Mas claro que sim! A mais sã que possamos imaginar: uma crise de crescimento. E qual é o pai que não se orgulha de ver os seus filhos crescer? Crescer e prosperar! O meu governo soube resolver a equação: a cada um o consumo que quiser segundo a produção que lhe compete.
Sim, meus caros concidadãos consumidores: o futuro sorri-vos tal qual eu sorrio para vós neste momento!
PDG! PDG! Viram os dentes do nosso presidente? São (…………………) E tudo porque ele usa PDG! PDG! A Pasta Dentífrica Governamental. Façam como o nosso presidente, usem também PDG, a Pasta Dentífrica Governamental. Dentes tão brancos são um escândalo! PDG!
Escândalo? Mas que escândalo? Falemos de escândalos. São (…...) desses promotores de desordens que pretendem colectivizar esses espaços livres em detrimento da iniciativa individual. Enfim, todos sabem que um espaço livre é livre e se ele é livre então está à venda! É necessário arrancar os espaços improdutivos a essa concepção retrógrada do estetismo ecológico duma colectividade marginal que nós (………) nas suas estruturas secretas. Nós iremos forçar esses grupos, sindicatos e partidos a respirar de acordo com as nossas normas políticas. E o nosso governo está em condições de vos prometer para amanhã uma redução na ordem dos 15% na taxa de consumo do ar potável!
Respirem em cores! Viram a máscara de gás do papá? A nova máscara a gás Colibri acabou de sair! Tão pequena! A (……….), a (………..), a flores. Respirem em cores! Todas as raparigas a experimentam. A venda em todos os Megalopoliprix. Com a máscara a gás Colibri serão um sucesso nos engarrafamentos…
A batalha da circulação será a nossa vitória. O Reno, o Danúbio, o Tibre, o Sena e o Tamisa, essas maravilhosas vias de circulação natural serão cobertas de betão… para vos permitir ir mais rapidamente e mais longe. Nós já tínhamos as auto-estradas, agora teremos os auto-rios! Quanto… obrigado, obrigado... quanto ao problema dos resíduos industriais poluentes de todos os tipos, também aí encontrámos uma solução rápida e eficaz: esses resíduos serão, a partir do próximo semestre, evacuados quotidianamente pelos nossos mísseis da nossa base europeia da Sicília para a Lua! Sim, a Lua! Esse caixote de lixo celeste que a Natureza nos colocou no nosso Espaço próximo e possível!
Vinte e quatro horas sobre vinte e quatro, a vida será mais segura, com Hercule o compressor, dos seus pequenos excrementos. Sim! Construa você mesmo o seu abrigo anti-atómico graças a Hercule o mini compressor. Hercule, o mini compressor de excrementos faz tijolos duros, duros, duros, duros, duros, duros, verdadeiramente duros.
Ganhámos a batalha do ar. Os nossos Bango 12, 35 e 60 conquistaram todos os mercados da aviação mundial. Ganhámos a batalha da paz. Exportamos para o mundo inteiro os nossos mísseis bacteriológicos, única fórmula de equilíbrio entre as grandes potências. Ganhámos a batalha do petróleo graças aos nossos poços submarinos do Pireu, de San Remo, de Rimini, de Saint Tropez e de (….) Os vossos automóveis nunca mais terão sede! E ganhámos a batalha da energia. Megalópolis centralizou todo o parque das centrais termonucleares da Europa à volta de uma única e maravilhosa rede. É assim que a nossa bem-amada capital tomou a seu cargo a distribuição de energia a todos os lares e fábricas de todas as cidades dos nossos Estados Unidos.
Cada um destes feitos faz com que nos situemos nos primeiros lugares da produção mundial, logo imediatamente a seguir à China e muito à frente dos USA. As minorias barulhentas estão agora remetidas ao silêncio. É o crepúsculo dos grupúsculos.
Consumidores! Consumidoras!
Temos assim uma república pura, madura, dura e segura. Viva Megalópolis! Viva esta Europa da liberdade!
¹ Mas que disparate! (em alemão)
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