Agora que os conservadores britânicos parecem preparar-se para regressar ao poder valerá a pena recordar a sua figura emblemática do último meio século: Margaret Hilda Thatcher (1925- ), a Dama de Ferro. O tempo e a memória dos homens parecem estar a encarregar-se de transformar o percurso político de Margaret Thatcher numa sucessão de consagrações. Nada de mais ilusório. Fui ao baú recuperar para o blogue dois exemplos de maus momentos mediáticos para ela. No vídeo abaixo, durante a Guerra das Malvinas em Maio de 1982, Margaret Thatcher é questionada em directo na TV por uma senhora com ar da avozinha-dona-de-casa-que-não-faz-mal-a-uma-mosca sobre as razões que a levaram a autorizar o torpedeamento do cruzador argentino General Belgrano:
Se necessidade houvesse de confirmar que na TV o que se disputa é a imagem e pouco interessa a qualidade do que se diz, então esta é (mais) uma confirmação. A avozinha, que até tem um buço a puxar para a bigodaça para reforçar as suas raízes populares, mostra ter a sua lição bem decorada para conseguir empregar com propriedade o jargão técnico naval como zona de exclusão ou o navio seguia no rumo 2-8-0 parecendo que ela poderia ter sido uma oficial da reserva naval numa outra encarnação… Enquanto isso, a Primeira-Ministra, que será tão ignorante quanto ela quanto à matéria de facto, defende-se contrapondo aos mais de 300 mortos argentinos as vidas dos nossos rapazes (our boys) que haviam sido assim virtualmente poupadas. Ironicamente, as razões da avozinha eram, essencialmente, um disparate¹…

¹ Sucintamente, ela argumentava que o navio estava a abandonar a Zona de Exclusão em redor das Ilhas Malvinas e a abandonar a zona de guerra. Porém, as Zonas de Exclusão, tal como a definida pelos britânicos, estabelecem-se para que os navios civis dos países neutrais ao conflito a evitem. Ora ali, tratava-se do afundamento de um navio militar e de um país beligerante… ou seja, uma operação militar perfeitamente justificável.
² Os mísseis Pershing II iriam ser instalados na então Alemanha Federal e não no Reino Unido.
Thatcher e Reagan - uma parelha que provocou estragos, a nível mundial, irreparáveis.
ResponderEliminarSó me anima o facto de serem, ambos, irrecuperáveis para a política...
Impaciente,
ResponderEliminarQuais estragos? O fim do "muro da vergonha", a recuperação económica dos seus países?
Não eram perfeitos certamente mas a partir de determinada idades todos somos irrecuperáveis par alguma coisa.
O liberalismo selvagem que ambos defenderam e a globalização foram benefícios ENORMES para a Humanidade!
ResponderEliminarAinda hoje são um exemplo... para a China.