É conhecido que, quando se participa numa Guerra com Aliados, se trava uma guerra em duas frentes: a convencional contra o inimigo comum, e a de propaganda contra o ou os aliados. A propósito de Primeira Guerra Mundial (dado que o episódio de que adiante falarei ocorreu durante essa Guerra), os nossos aliados britânicos não tiveram qualquer pudor em criticar o comportamento dos soldados portugueses que levou à destruição da Divisão portuguesa quando da Batalha de La Lys em 9 de Abril de 1918. Essas críticas são mais muito mais parcimoniosas quando apreciam o desempenho dos soldados das desbaratadas 19ª, 25ª, 34ª e 40ª Divisões britânicas nesse mesmo dia…
Mas a história principal deste poste é anterior a isso, data de 1 de Julho de 1916, o primeiro dia da Ofensiva do Somme (acima). Tratou-se de uma ofensiva conjunta dos Aliados, englobando unidades britânicas e francesas, embora as primeiras fossem a esmagadora maioria - mais de ¾ do total das forças empenhadas. Em 1916, a experiência dos dois exércitos aliados nada tinha de comparável: as unidades francesas faziam figura de veteranos quando em comparação com as suas homólogas de além-Mancha. O que não invalida que o Alto Comando britânico tivesse preparado a Operação com toda a ponderação, chegando a rejeitar com sobranceria algumas sugestões francesas...
Nessa manhã de 1 de Julho de 1916, os britânicos sofreram 57.470 baixas, dos quais cerca de ⅓ em mortos. Foi o dia mais sangrento da História do Exército britânico. A estimativa das baixas francesas durante esse mesmo dia varia entre os 3 a 5 mil… A justaposição dos resultados e do número de baixas causadas pela ofensiva conjunta é perfeitamente acabrunhante para a Honra britânica, mas um dos segredos da sua propaganda é precisamente a de conseguir transformar estes enormes fiascos militares em grandes epopeias, nem que sejam trágicas. Possuíssemos nós portugueses a mesma virtude, e estaríamos a comemorar todos os 4 de Agosto a Batalha de Alcácer Quibir...
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