
A observação casual de um
pequeno quadro (voltarei a ele mais abaixo...) levou-me até um passado de há uns quarenta anos atrás, onde houve uma época de um ressurgimento abrupto do
Malthusianismo e da preocupação com as consequências do aumento descontrolado da população mundial, tipificado em
best-sellers com títulos tão sugestivos como
The Population Bomb, onde se partia de um
substrato científico para
cenários de antecipação verdadeiramente catastróficos. No caso
desse livro, escrito em 1968, prediziam-se fomes generalizadas para as décadas seguintes, que iriam ser responsáveis por centenas de milhões de mortos… Só nos Estados Unidos venderam-se dois milhões de exemplares do livro!

Agora sabemos que felizmente não aconteceu nada daquilo ali previsto e que os casos excepcionais se deveram mais às condições de insegurança da distribuição do auxílio alimentar do que, como o livro prognosticava, à inexistência de produtos para conseguir alimentar as populações famintas. Depois, quando as teses não se verificam, restaria ao autor preservar a sua dignidade reconhecendo o seu erro... Não foi o caso do autor
Paul R. Ehrlich (1932- ), que ainda recentemente escreveu que o seu livro tivera pelo menos a virtude de
chamar a atenção para o elemento demográfico na evolução da Humanidade. Ora, como predicado principal, parece-me pouco. O
famoso livro de
Thomas Malthus já fizera isso 170 anos antes…

Apesar de tudo o
Malthusianismo manteve-se larvar e ressurgiu recentemente, agora com um
embrulho ecologista. Mais uma vez, como Malthus e Ehrlich, os profetas da
demografia apocalíptica têm de se deitar a adivinhar qual será o comportamento futuro das populações e tendem a escolher, dos cenários possíveis, o mais catastrófico, aquele que dá mais visibilidade às suas teses. No caso do autor da
Bomba Populacional não parece ter-lhe ocorrido a hipótese de, tal qual acontecera nos países desenvolvidos, também nos países em vias de desenvolvimento diminuíssem espontaneamente as taxas de natalidade, tal qual se observa na pirâmide etária (o tal
pequeno quadro…) de um país como a Argélia...
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