27 agosto 2007

O CHARME DE RENATO CURCIO

Se bem percebi a história, numa entrevista a uma revista feminina italiana daquelas onde não se devem proferir afirmações com densidades que não flutuem ou exprimir opiniões que se situem fora do que é canónico, a actriz francesa Fanny Ardant quebrou essa regra sacrossanta, pronunciando-se sobre a sua opinião sobre o fenómeno das Brigadas Vermelhas:
Sempre me fascinou e cativou o fenómeno das Brigadas Vermelhas. Era uma época onde era preciso escolher o seu lado, e em que havia aqueles que decidiam pegar em armas e que podiam matar ou ser mortos. (…) Actualmente em Itália (…) só há os interesses económicos. E depois de lhe fazerem notar que muitos dos protagonistas italianos desses tempos acabaram por entrar para o governo:
Têm um que para mim é um herói: Renato Curcio. Esse não se converteu num homem de negócios.
Houve quem não gostasse, sobretudo em Itália, e as suas declarações provocaram uma turbulência enorme entre os políticos italianos (sobretudo à direita), a actriz já se retractou e pediu desculpa, houve quem a defendesse em França, alegando que a actriz não está politizada (...), mas a minha medalha de ouro dos comentários vai para um político italiano chamado Luca Volontè que, comentando as declarações da actriz, tem este preâmbulo arrasador:
Ninguém pede a uma actriz que seja inteligente ou que esteja informada…

Trata-se de um preâmbulo lapidar e que ilustra perfeitamente a reacção instintiva que experimentei recentemente a respeito dos autores de alguns comentários aparecidos numa caixa dos ditos num poste a respeito da guerra dos directores de museus de um outro blogue

5 comentários:

  1. Fanny "Ardente" devia estar com febre naquele dia, pois não tem fama de ser burra, pelo contrário.
    Viveu durante anos com François Truffaud e puxava para a intelectualidade.
    As Brigadas Vermelhas são tão românticas como as FP25 e não considero, pá, que Otelo, pá, seja charmoso, pá.
    Talvez Fanny tenha mudado. Afinal, quem pode prever o "cursio" das nossas vidas?

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  2. Creio que esta demonstração de simpatia pela Brigadas Vermelhas é capaz de ser uma manifestação tardia por parte de Fanny Ardant daquele “esquerdismo insensível” (“gauchisme blasé”) tão em voga durante o período Mitterrand, que achava “giríssimo” os terrorismo dos países vizinhos, como as Brigadas Vermelhas italianas ou a ETA espanhola.

    Ao mesmo tempo não se achava piada nenhuma ao terrorismo doméstico, como o da FLNC corsa e perseguia-se que nem um cão Carlos o Chacal, que se foi caçar ao Sudão em 1994… Mas isso são as incoerências ridículas de um grande país. Mas convinha que Fanny Ardant acertasse o calendário. E que se informe: Renato Curcio não é bem um Dani Le Rouge (Daniel Cohn-Bendit) à italiana…

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  3. Quando a vir, digo-lhe das boas...

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  4. Quando o PRP matou dois polícias veio-se logo pedir a amnistia aos revolucionários - e foi concedido.
    É preciso não esquecer eram dois soldados com a quarta classe versus uma professora doutora de Medicina.
    Igualdade sim (ou democracia), mas só se for a nossa.

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  5. Outro dia eu assiti a uma entrevista de Ardant aqui no Brasil e achei que ela falou muita bobagem. Agora com este comentário infeliz,só posso dizer o seguinte:

    Esta mulher calada é uma poeta!!!

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