Será um exagero considerar Goldfinger o meu filme favorito com James Bond. A expressão favorito costuma pressupor algo que se destaque de um nível médio de qualidade, o que não me parece que aconteça com a maioria dos filmes de acção de Bond. Mas Goldfinger será o filme de que gosto mais, provavelmente porque será aquele em que o agente 007 parece mais frágil e por isso mais credível.
O mau – Goldfinger – é irrecuperavelmente mau, como todos os maus dos filmes da série, mas este tem o requinte do ar sinistro de um antigo Sturmbannführer das Waffen SS, forçado a mudar de vida depois de 1945*. Essa interpretação faz do enredo do filme num acerto de velhas contas de guerra entre alemães e americanos (o assalto ao ouro de Fort Knox…) e da presença de Bond na de um insuportável intrometido britânico.
Bond deixa que lhe matem duas das namoradas (Jill e Tilly Masterton - acima a primeira), engata outra que não passa de uma balzaquiana, embora bem conservada (Pussy Galore**) e não consegue desactivar sozinho o detonador nuclear na cena crucial do filme. Mas o mais emblemático da completa falta de argúcia de Bond é o diálogo travado por ele com Goldfinger, quando submetido a uma tortura que o conduzirá a uma morte lenta (abaixo):
- Do you expect me to talk?
- No, Mr. Bond. – responde Goldfinger – I expect you to die***(...)
Na entoação da sua resposta manifesta-se o desprezo por um inimigo que recorre a um expediente tão ridículo para tentar atrasar a sua execução. Por segundos (Bond salva-se, obviamente…) aquela demonstração de falta de inteligência e subtileza torna a personagem consistente com tudo o resto que conhecemos dela…
* O actor Gert Fröbe (1912-1988), que desempenha o papel de Goldfinger, era de nacionalidade alemã (a sua voz foi dobrada), fora mobilizado durante a Segunda Guerra Mundial e fora membro do NSDAP (partido nazi). Mas não fizera parte das SS.
** A actriz Honor Blackman (1925- ) tinha 39 anos na altura da rodagem do filme e é cinco anos mais velha que Sean Connery que faz de Bond, James Bond…
*** Espera que eu fale? Não, senhor Bond. Espero que morra. Não há nada que me possa dizer que eu não saiba já...
Bond deixa que lhe matem duas das namoradas (Jill e Tilly Masterton - acima a primeira), engata outra que não passa de uma balzaquiana, embora bem conservada (Pussy Galore**) e não consegue desactivar sozinho o detonador nuclear na cena crucial do filme. Mas o mais emblemático da completa falta de argúcia de Bond é o diálogo travado por ele com Goldfinger, quando submetido a uma tortura que o conduzirá a uma morte lenta (abaixo):
- Do you expect me to talk?
- No, Mr. Bond. – responde Goldfinger – I expect you to die***(...)
Na entoação da sua resposta manifesta-se o desprezo por um inimigo que recorre a um expediente tão ridículo para tentar atrasar a sua execução. Por segundos (Bond salva-se, obviamente…) aquela demonstração de falta de inteligência e subtileza torna a personagem consistente com tudo o resto que conhecemos dela…
* O actor Gert Fröbe (1912-1988), que desempenha o papel de Goldfinger, era de nacionalidade alemã (a sua voz foi dobrada), fora mobilizado durante a Segunda Guerra Mundial e fora membro do NSDAP (partido nazi). Mas não fizera parte das SS.
** A actriz Honor Blackman (1925- ) tinha 39 anos na altura da rodagem do filme e é cinco anos mais velha que Sean Connery que faz de Bond, James Bond…
*** Espera que eu fale? Não, senhor Bond. Espero que morra. Não há nada que me possa dizer que eu não saiba já...
"Goldfinger" tem talvez o mais vibrante dos temas musicais dos James Bond, cantado pela voz admirável da não menos atraente Shirley Bassey que enchia o saudoso São Jorge.
ResponderEliminarE Sean Connery continua insubstituído, até hoje...
Francamente, eu não consigo ser fã do 007, "My name is Bond, James Bond"
ResponderEliminarAinda os últimos, com o Pierce Brosnan, sempre têm algo de interessante a ver (o actor, entenda-se lol) mas mais nada, são vazios de conteúdo, deixei pura e simplesmente de ver.
Beijinhos :)
Cristina Loureiro dos Santos
O Pierce Brosnan é tão expressivo como uma múmia, parece ter feito dez liftings.
ResponderEliminarMas enfim gostos não se discutem.
O Sean Bond marcou uma época, é um ícone dos anos 60, como "Um homem e uma mulher" ou, noutro género, "Música no Coração".
Hoje, esses Bonds colheita 60 parecem-nos ingénuos (não tanto como Miguel Portas), mas os modernos em nada se distinguem dos inúmeros filmes de acção a abarrotar de efeitos especiais.
É a idade, Cristina, que nos torna assim, românticos, nostálgicos e piegas...
As minhas preferências para as bandas sonoras dos 007 são, por razões diferentes e por uma ordem cronológica, Goldfinger (Shirley Bassey), You Only Live Twice (Nancy Sinatra) e Nobody Does It Better (Carly Simon) do filme The Spy Who Loved Me. Mas Goldfinger é a música que mais associo ao genuíno Bond, James Bond.
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