(Onde há a mesma razão, há o mesmo direito)
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Endereço daqui as minhas simpatias para Manuela Vitorio e expresso a minha maior indignação pelo abuso evidente de Santana Lopes ao colocar a autarquia que dirigia a suportar os encargos das suas viagens recreativas. Suponho que não haja argumento válido que torne razoável que o erário público deva suportar a presença de Santana Lopes na final do tal torneio, muito socialite… Simples e legalmente, as coisas não se passam assim e não competia a Manuela Vitorio exercer uma espécie de poder de veto sobre as despesas do presidente da autarquia. É que suponho que isso seja tarefa que compete ao Tribunal de Contas que só exerce os seus poderes à posteriori…
É um sistema pouco flexível, mas é o que há, e a directora financeira não se pode assumir (por muita razão e competência técnica que se lhe reconheça) como instrumento de justiça dentro da autarquia. Será que quem concordou (ou discordou) até aqui desta linha de argumentação continuará a fazê-lo quando disser que considero que este é rigorosamente o mesmo problema que se colocou recentemente com Dalila Rodrigues, a directora do Museu Nacional de Arte Antiga que não foi reconduzida? É que se não fosse a identidade partidária dos intervenientes (vítimas e carrascos), os casos de Manuela Vitorio e de Dalila Rodrigues seriam necessariamente analisados sob o mesmo prisma...
O pior é que desconfio que para cada um que reconheça a implacabilidade da lógica da mesma razão para as duas situações, deverá haver uns dez casos em que as pessoas virão a adicionar argumentos que transformem o caso das suas simpatias numa especificidade em que não se aplica a lógica do outro. À esquerda, que o caso de Manuela Vitorio é de uma injustiça gritante, agora corrigida, enquanto o de Dalila Rodrigues se trata apenas de uma não recondução de um cargo de nomeação... À direita, que o caso da autarquia foi pontual enquanto este do ministério da cultura surge no âmbito de uma deriva autoritária de todo o governo…
Todos temos os nossos defeitos e tendemos a ser naturalmente facciosos em favor das causas que nos parecem simpáticas. Contudo, estou convencido que a maioria de nós gosta de reger os seus actos por critérios mínimos de coerência e espera que o mesmo aconteça com os outros. Por exemplo, pode aceitar-se que o homicida rico tenha uma pena mais leve que o homicida pobre, mas não que o veredicto do primeiro seja de inocência total… É que foi a total falta da coerência dos protagonistas em actividades públicas como a política ou o futebol que lhes retiraram a credibilidade e que as colocaram no lugar socialmente muito pouco digno que hoje ocupam…
Totalmente de acordo.
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