06 agosto 2007

HARRIER, O AVIÃO DE DESCOLAGEM VERTICAL

Foi numa aventura de Tanguy e Laverdure publicada na revista Tintin no princípio dos anos setenta que descobri a existência deste simultaneamente tão espectacular quanto bizarro avião de caça de concepção britânica. Por ser capaz de deslocar na vertical, tal qual um helicóptero, torna-se um avião cativante à primeira vista, que superou o defeito de, naquela aventura, Os Vampiros atacam à Noite (acima a capa da edição finlandesa…), ser o avião dos maus, conforme se pode depreender por aquelas cocardes tétricas à batman, visíveis na prancha abaixo.
A verdadeira história do desenvolvimento do avião designado por Hawker Siddeley Harrier GR.1, vulgarmente encurtada para Harrier, começou nos anos cinquenta, procurando dar resposta ao problema que se poria no caso de um ataque preventivo de um inimigo (na época, costumavam ser normalmente os soviéticos…) que, mesmo que falhasse os caças protegidos em hangares blindados, inutilizasse as pistas de descolagem de uma base aérea (1). A resposta estava na criação de um avião que necessitasse de muito pouco espaço para descolar, quiçá mesmo nenhum…

O projecto tornou-se um caso típico dos anos-luz que, nas organizações, costumam separar os idiotas (os que têm as ideias, normalmente situados no topo da hierarquia) dos cretinos (os que as têm que implementar e normalmente se situam mais abaixo...) (2). Havia vários problemas técnicos extremamente complicados a superar (sobretudo a transição do voo vertical para o horizontal), que fizeram fracassar projectos semelhantes nos Estados Unidos ou em França e que demoraram mais de uma década a resolverem-se satisfatoriamente no projecto britânico (conhecido por P.1127).
Concluído na sua estrutura essencial em 1967, o aparelho possibilitava a descolagem tanto na vertical (VTOL (3)) como em espaço reduzido (STOL (3)), embora para o fazer algumas das suas prestações no ar tivessem que ter sido sacrificadas. Nomeadamente, o Harrier era subsónico (a sua velocidade máxima era 0,97 Mach), quando todos os seus aviões rivais daquela geração eram supersónicos: F-104, Mirage III, Mig-21… Por outro lado, embora mais espectacular, a capacidade do Harrier quando descolava na vertical (8,6 tons) era (e ainda é) uma fracção da que possui quando descola normalmente (14 tons).

A história do Harrier teria terminado por aqui, como um projecto que só fora levado a cabo por causa da tradicional teimosia britânica, não se tivesse o Corpo de Fuzileiros dos Estados Unidos interessado pelos Harrier (um dos casos raros de um tipo de aparelho que não existia no seu arsenal) para equiparem os seus navios anfíbios como os da classe Tarawa. Note-se que, como se vê na fotografia abaixo (à direita), a designação navio anfíbio esconde a realidade de um pequeno porta-aviões, onde a capacidade de descolagem em curtos espaços do Harrier (designados entre os fuzileiros por AV-8A) se encaixava harmoniosamente.
A importante encomenda de Harriers que se seguiu, além de lhes reconfortar as carteiras, veio reanimar o interesse dos britânicos e chamou-lhes a atenção das enormes potencialidades que o avião poderia ter como aeronave embarcada em navios porta-aviões de pequenas dimensões, numa época em que o aumento exponencial dos custos de operação da aviação no mar fazia com que já quase só os Estados Unidos se pudessem dar ao luxo de ter uma verdadeira componente aeronaval na sua Marinha. Os Sea Harrier (abaixo, em fotografia de propaganda no HMS Illustrious ) foram os protagonistas da reconstrução do poder aeronaval britânico.
Felizmente para os britânicos, essa reconstrução já estava bastante adiantada em 1982, e foi com base nela que o corpo expedicionário encarregado de reconquistar as Malvinas pode receber a cobertura aérea que, de outra forma, nunca teria sido possível ter, dado o isolamento geográfico das ilhas. Desde aí, por causa do sucesso do modelo ali revelado, ele veio a ser adoptado, para além dos britânicos e dos norte-americanos já referidos, em unidades aeronavais das marinhas de Espanha (Príncipe de Astúrias), Itália (Giuseppe Garibaldi), Índia (Viraat) e Tailândia (Chakri Nareubet).

(1) Foi o que a força aérea israelita fez em Junho de 1967 às suas equivalentes árabes mais poderosas.
(2) É da natureza humana que os sucessos ficam para os idiotas e os fracassos são sempre atribuídos aos cretinos...
(3) V/STOL: Vertical (short) take-off and landing (descolagem e aterragem vertical (curta).

7 comentários:

  1. Nao fazia a mínima ideia , como surgiram a sua evolução, agora sou um expert obrigado

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  2. Agradeço-lhe o comentário, Moreira, mas o conteúdo deste poste não torna ninguém num expert...

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  3. Experimente descobrir no DICIONÁRIO.

    Dicionário é aquele livro grandão que tem todas as palavras do português.

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  4. Não existe esta palavra no dicionário seu idiota,ahhhhhhhhhhhhh caiu a ficha você é português, no meu país avião decola e pousa, ah decolar é subir e pousar é descer.

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  5. Só resta concluir que o seu dicionário é pequeno, seus conhecimentos de português ainda menores, e que a sua capacidade de pesquisa - para não dizer mesmo sua inteligência - lamentavelmente curta.

    Basta colocar "descolar" no Google para chegar aqui: http://pt.thefreedictionary.com/descolar

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  6. Existem otários em todo lugar. Apreciem simplesmente.

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