Estou convicto que, conforme proclama, o Bloco de Esquerda terá certamente muitas políticas alternativas a propor aos portugueses, mas parecer-me-á que para a condução da sua actividade política continuará a socorrer-se daquelas regras clássicas e canónicas, algumas delas velhas de séculos, que todos os partidos políticos de uma democracia multipartidária como a nossa costumam praticar.
Regras canónicas onde se conta, por exemplo, aquela de Frederico II da Prússia (1712-1786), rei, filósofo e general, que estabelece que nunca se deve reforçar um fracasso, precisamente daquele género do que se veio a revelar, em termos de imagem para a opinião pública, a invasão e destruição da plantação de milho transgénico do passado dia 17 de Agosto em Silves.
Regras canónicas como a conclusão de um general anónimo e vitorioso, que ficou sem saber quem tinha ganho a batalha que acabara de travar, mas que sabia perfeitamente quem ficaria com as culpas se ele a tivesse perdido… Este será o tipo de pensamento que, nesta altura, colherá provavelmente algum reconhecimento por parte de Gualter Baptista, não fosse ele tão hostil aos militares…
Regras canónicas, criadas há muito pelos serviços secretos às suas operações, que permitem aos dirigentes negar com plausibilidade a associação entre a acção dos Verde Eufémia e a instituição Bloco de Esquerda, dado as ligações entre os dois serem meramente circunstanciais*: Gualter Baptista – o tal que, na acção, fez como Bill Clinton com o charro: fumou mas não inalou… – será apenas um activista de base do partido, ou nem isso.
Mas não vejo qualquer razão para surpresas quando um jornalista como Mário Crespo não se disponha a ouvir impávido a milonga** do costume, e aproveite a aceitação do convite feito a Gualter Baptista para estar presente no seu programa da SIC Notícias para tentar esclarecer algumas curiosidades do assunto, confrontando o convidado com algumas das incongruências do seu discurso e do da organização de que foi (ocasionalmente...) porta voz, eleito ad hoc por um colectivo envolto em mistério…
Afinal, do ponto de vista informativo, a atitude de Crespo é até muito compreensível, porque creio que o espectador tipíco destas entrevistas na SIC Notícias não será semelhante aos dos canais generalistas onde se perguntam e respondem… generalidades. Os que aqui se dispõem a sentar-se à frente do ecrã, já conhecem o problema de antemão e esperam do entrevistador que ele seja seu porta-voz nas perguntas que coloca ao entrevistado.
Goste-se ou não, é o estilo que Mário Crespo tem vindo a desenvolver. Não se pode é elogiá-lo em Valentim Loureiro e criticá-lo em outros convidados que nos sejam mais simpáticos. É que com um estilo tão vincado, Crespo também corre os seus riscos: o de perder convidados é um deles... Ou o de ser descomposto por um dos seus convidados num dia em que seja assertivo em excesso. Não seria um caso inédito…
Uma coisa certa parece resultar de tudo isto: agora parece que se passou a falar de transgénicos em Portugal! O problema é que me parece que se fala deles como assunto introdutório de outros. É como o espectáculo dos activistas do Greenpeace que se interpõem entre os navios baleeiros e as baleias. As imagens são tão espectaculares que só nos lembramos quanto aqueles gajos são corajosos e até nos esquecemos das baleias…
* Gualter Baptista é um colaborador regular do blogue do BE, foi apoiante de uma candidatura autárquica do partido, era (antes dos acontecimentos de Silves…) um dos oradores convidados para um evento por ele patrocinado já para os inícios de Setembro…
** Milonga é uma dança tradicional argentina. A palavra também tem o significado de confusão, desordem ou, a que para aqui interessa, o de enredo extenso mas de conteúdo previsível.
Regras canónicas como a conclusão de um general anónimo e vitorioso, que ficou sem saber quem tinha ganho a batalha que acabara de travar, mas que sabia perfeitamente quem ficaria com as culpas se ele a tivesse perdido… Este será o tipo de pensamento que, nesta altura, colherá provavelmente algum reconhecimento por parte de Gualter Baptista, não fosse ele tão hostil aos militares…
Regras canónicas, criadas há muito pelos serviços secretos às suas operações, que permitem aos dirigentes negar com plausibilidade a associação entre a acção dos Verde Eufémia e a instituição Bloco de Esquerda, dado as ligações entre os dois serem meramente circunstanciais*: Gualter Baptista – o tal que, na acção, fez como Bill Clinton com o charro: fumou mas não inalou… – será apenas um activista de base do partido, ou nem isso.
Mas não vejo qualquer razão para surpresas quando um jornalista como Mário Crespo não se disponha a ouvir impávido a milonga** do costume, e aproveite a aceitação do convite feito a Gualter Baptista para estar presente no seu programa da SIC Notícias para tentar esclarecer algumas curiosidades do assunto, confrontando o convidado com algumas das incongruências do seu discurso e do da organização de que foi (ocasionalmente...) porta voz, eleito ad hoc por um colectivo envolto em mistério…
Afinal, do ponto de vista informativo, a atitude de Crespo é até muito compreensível, porque creio que o espectador tipíco destas entrevistas na SIC Notícias não será semelhante aos dos canais generalistas onde se perguntam e respondem… generalidades. Os que aqui se dispõem a sentar-se à frente do ecrã, já conhecem o problema de antemão e esperam do entrevistador que ele seja seu porta-voz nas perguntas que coloca ao entrevistado.
Goste-se ou não, é o estilo que Mário Crespo tem vindo a desenvolver. Não se pode é elogiá-lo em Valentim Loureiro e criticá-lo em outros convidados que nos sejam mais simpáticos. É que com um estilo tão vincado, Crespo também corre os seus riscos: o de perder convidados é um deles... Ou o de ser descomposto por um dos seus convidados num dia em que seja assertivo em excesso. Não seria um caso inédito…
Uma coisa certa parece resultar de tudo isto: agora parece que se passou a falar de transgénicos em Portugal! O problema é que me parece que se fala deles como assunto introdutório de outros. É como o espectáculo dos activistas do Greenpeace que se interpõem entre os navios baleeiros e as baleias. As imagens são tão espectaculares que só nos lembramos quanto aqueles gajos são corajosos e até nos esquecemos das baleias…
* Gualter Baptista é um colaborador regular do blogue do BE, foi apoiante de uma candidatura autárquica do partido, era (antes dos acontecimentos de Silves…) um dos oradores convidados para um evento por ele patrocinado já para os inícios de Setembro…
** Milonga é uma dança tradicional argentina. A palavra também tem o significado de confusão, desordem ou, a que para aqui interessa, o de enredo extenso mas de conteúdo previsível.
Sempre tive alguma simpatia pela Greenpeace, da qual fui membro activo e com quotas pagas. E isto apesar da vertente pacifista, da qual sempre discordei porque em último caso poderia por em causa a nossa liberdade e dignidade humanas.
ResponderEliminarApesar de não simpatizar nada com atitudes eco-anarco-chiques de gente que não valoriza o trabalho e os trabalhadores (um pouco como a Catarina Eufémia também trabalhadora rural) não devemos esquecer os inúmeros atantados ambientais que por aqui fazemos, a começar pelas casas em cima das praias e a cobertura de transportes públicos.
Será, João Moutinho, que me poderá ajudar a lembrar-me de alguma acção mediática promovida pela Greenpeace nos Estados Unidos? É que eu lembro-me deste caso contra as baleeiras do Japão, contra o abate da floresta amazónica no Brasil, contra o transporte de lixo radioactivo na Alemanha, contra os ensaios nucleares no Pacífico feitos pela França, contra o abate de focas bebé no Canadá…
ResponderEliminarE, no entanto, os organismos da ONU estão de acordo que os Estados Unidos produzem entre 20 a 25% de toda a poluição mundial. Que se passará? A Greenpeace não conseguiu até agora encontrar nenhuma causa suficientemente interessante nos Estados Unidos? Ou as causas serão outras?...
O meu cepticismo data dos finais da década de 70, quando se descobriu que o nosso continente estava recheado de pacifistas que não queriam os euro-mísseis no seu país. Hoje, como ontem, os activistas eram todos bem intencionados, mas há a certeza que o dinheiro que suportava tanto “pacifismo” vinha de Moscovo. E esse princípio que aí estabeleci ainda se mantém: quando uma destas causas chega ao jornal interessa a quem?...
O vídeo dessa entrevista acaba de ser publicado, pelos próprios.
ResponderEliminarFicou célebre a frase "Os pacifistas estão a Oeste e as armas
ResponderEliminara Leste".
A leste andou muita gente que fingia não perceber que Moscovo pagava a todos os activistas pelo desarmamento enquanto fabricava equipamento bélico para ameaçar o Ocidente.
Sem falar da chantagem que a Greenpeace fazia. Consta que, a troco de somas consideráveis, renunciavam a acções mediáticas capazes de impedir ou atrasar projectos "delicados"...
Teixeira,
ResponderEliminarNão me tinha apercebido dessa situação de cumplicidade da Green Peace com as autoridades norte-americanas até porque senti uma grande genuidade por parte dos seus membros.
E a campanha contra a caça das baleias acredito que tenha dado os seus frutos.
Agora, pelo que eu percebi da afirmação do carteiro ele considera que a Greenpeace recebeu (ou poderá ter recebido) algum apoio da extinta União Soviética, o que entra em total contradição com o que disse o Teixeira.
Esse pacifismo que assolou algumas franjas da Europa na Guerra Fria também já a tinha assolado na época em que o nazismo emergia.
Por outro lado, penso ser injusto e contraprucedente uma correlação directa entre ambientalismo e pacifismo.
Vamos por partes, João Moutinho, se não se importa, e mais calmamente que, se calhar por iniciativa minha, a escrita parece estar tensa.
ResponderEliminarO que escrevi está muito longe de constituir prova directa da influência directa norte-americana sobre os objectivos da Greenpeace. São apenas um conjunto de coincidências que dão que pensar…
E estou de acordo consigo que a campanha para a preservação dos cetáceos teve alguns resultados – não tenho é a certeza sobre qual a contribuição dos “heróis dos botes de alto mar”… É que também estão em curso outras medidas para a preservação de outras espécies piscícolas, em gabinetes, sem a presença de botes nem das indispensáveis câmaras de televisão e também têm tido alguns resultados…
Não entendi do que o Carteiro escreveu que ele se referisse especificamente a apoios soviéticos à Greenpeace mas sim aos movimentos pacifistas dos finais da década de 70, entre os quais, por exemplo, os “Verdes” alemães, sobre os quais creio que existem até provas documentais em Moscovo.
Mas talvez a melhor síntese que posso fazer do que penso sobre esses movimentos será: nestas grandes causas é ideal que haja activistas e dinheiro para a causa. Havendo falta de um deles tem mais probabilidades de visibilidade uma causa com dinheiro mas sem activistas do que uma causa com activistas mas sem dinheiro… Os activistas são genuínos mas não são assim tão importantes…
Cumprimentos
Os meus agradecimentos ao JPG pela ligação.
ResponderEliminar