21 março 2006

SALAAM ALEIKUM*

Esta saudação em árabe destina-se a um verdadeiro tiro no pé em termos de relações internacionais dado recentemente pelos norte-americanos. E – surpresa! – deste tiro o presidente George W. Bush até nem tem culpa nenhuma.

Já está encerrado o episódio da aquisição de uma empresa britânica de tráfego portuário por parte de uma empresa dos Emirados Árabes Unidos. Alguns dos portos sobre os quais a empresa britânica tinha a concessão ficavam nos Estados Unidos. As chatices levantadas pelos americanos foram tantas que os árabes acabaram por vender essa divisão da empresa.

Os defensores do liberalismo e da globalização nos Estados Unidos (que são muitos) têm pela frente mais um episódio de contorcionismo argumentativo para explicarem porque é que as vantagens da liberdade de comprar e vender nem sempre se aplicam, sobretudo quando os bens adquiridos são norte-americanos.

Mas este episódio transborda das argumentações sobre ideologia económica para as das diferenças religiosas, culturais e civilizacionais. Se, pela definição americana da Guerra ao Terrorismo, estes árabes que compraram a empresa são dos bons, e mesmo assim não há confiança neles para que fiquem com a gestão dos portos, qual é a diferença, na prática, entre um árabe bom e um árabe mau?

* Saudação árabe: a paz esteja contigo.

2 comentários:

  1. Fácil! O bom DÁ; o mau VENDE; o rico COMPRA! E "aí é que mora o perigo" como dizia o Jô Soares...

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  2. Imaginemos a Estátua da Liberdade... de véu!!!

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