20 março 2006

OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER… USAR O PC

É notório que o período do PREC (processo revolucionário em curso, para os mais novos) foi época de experimentações ousadas, de militâncias empenhadas, em que suspeito que até o absurdo foi mobilizado para as barricadas da revolução.

Assim, os tradicionais dilemas dos jovens a quem os pais proibiam a presença na rua para além de determinadas horas, eram considerados em organizações de vanguarda da classe operária como o MRPP*, como faltas de empenho revolucionário para além de serem rapidamente descartadas com o comentário: “se os teus pais não te deixam ir, promoves a luta de classes lá em casa…

Este último slogan sobre a promoção da luta de classes doméstica – um terreno onde, suponho, Mao não deva ter doutrina publicada - veio-me à memória quando um amigo meu se lamentou que as suas duas filhas lhe bloqueiam o acesso ao PC, impedindo-o de publicar os seus posts, ou de responder à sua correspondência.

Ora este meu amigo, dirigente estudantil daquelas épocas, embora de uma organização menos castiça, também não foi pessoa para se deixar ficar por situações intermédias: lembro-me de me ter contado que, a certa altura, se chegou a levantar a hipótese da sua passagem à clandestinidade…

Ora, pergunto eu, de que está ele à espera para recuperar o fervor revolucionário de outras épocas e promover uma luta de classes seguida de uma ditadura do parentado? E daí, não sei, como é que se compatibilizará o pensamento de Mao Zedong com o de Santa Teresa de Ávila?

Com um grande abraço ao Ricardo e votos de muitas felicidades ao Nada te turbe.

* MRPP acabou por se tornar num substantivo. Acessoriamente pode funcionar por acrónimo de Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado ou Meninos Rabinos que Pintam Paredes. Entre os rabinos que pintavam as paredes contam-se uma profusão de colunáveis da actualidade, incluindo aquele senhor que esteve aqui em trânsito, a fazer o tirocínio para a sua carreira europeia e, quiçá, internacional.

3 comentários:

  1. O MRPP merecia estatuto de "Utilidade Pública"! Nenhuma faculdade conseguiu formatar (não é erro - formar, aqui, não se aplica) tantos políticos!
    Como disse o O'Neil: "-O céu a seu dono!".

    ResponderEliminar
  2. Subscrevo inteiramente.

    Embora não se possa transladar o MRPP para o panteão nacional - o Garcia Pereira opor-se-ia ferozmente! - "aquele" MRPP faria uma companhia meritória à Sra. Dona Amália nos ícones portugueses do século XX.

    ResponderEliminar
  3. Meu caro Tó

    A ditadura parental não vai bem comigo, assim como todas as outras . Prefiro realmente a Liberdade espiritual e a coragem de Teresa. E é por isso que lá em casa todos(as) fazem farinha comigo.Até as gatas. Sem clandestinidades porque nessa rapaziada do MRPP exercitei bem a fisga in ilo tempore .

    Abraço

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.