11 março 2006

PRODUTOS NATURAIS

De visita a Portugal, por ocasião da posse de Cavaco Silva, o primeiro-ministro angolano, Nandó, afirmou ontem que José Eduardo dos Santos é o candidato natural do MPLA às eleições presidenciais, que ainda não têm data marcada (Lusa).

Seria mais natural que Nandó reconhecesse que José Eduardo dos Santos é o presidente natural de Angola até que o seu falecimento possa tornar a sua continuidade no cargo um pouco mais artificial. Deve ser um processo naturalmente herdado dos portugueses e do período em que Angola era uma colónia e o presidente Américo Tomás se preparava para, naturalmente, vir a falecer no exercício do cargo.

Aliás é com certa satisfação que se confirma que a maioria dos PALOP ficaram bem imbuídos dos princípios democráticos lá deixados pela administração colonial no tempo do Estado Novo. Cabo Verde ainda tem alternância democrática, São Tomé, mais ou menos, mas os outros têm, à laia de eleições, aquelas cerimónias onde as pessoas são convidadas a pôr papelinhos nas urnas, que o Dr. Salazar tanto apreciava, e onde o resultado, naturalmente, não surpreendia ninguém.

Naturalmente, estes fenómenos devem conseguir ver-se com uma nitidez em Lisboa muito superior do que a que se vê em Washington. Só assim se percebe a falta de discernimento da administração norte-americana entre a instauração de uma democracia num país e as cerimónias de deposição de papelinhos em urnas.

Quando se confundem as duas coisas, como está a acontecer no Iraque, é natural que o resultado seja uma asneira.

2 comentários:

  1. Ficou de fora o Brasil, que teve as mesmas raízes... É verdade que PALOP não serve para o agregar(seria "O PSALOP") mas que demorou a esquecer os princípios básicos que herdaram os outros, também é verdade!
    Hoje, como "PSALULA", só espero que não tenha recaídas...

    ResponderEliminar
  2. Na minha opinião, o Brasil começa a desacertar-se do resto do conjunto nos primórdios do século XX com as prosperidades da borracha e do café a dar-lhe uma certa "mania das grandezas" que só lhe passou em 1929 com a Depressão.

    O Estado Novo de Getúlio Vargas, depois disso, só tem o nome de semelhante com o regime de Salazar, nosso, orgulhosamente nosso, e que exportámos em todas as suas idiossincrasias para as colónias de então.

    ResponderEliminar