
A desculpa tradicional era que aquela última colherada correspondia apenas ao esvaziar do que já estava no fundo da colher, o que era mentira, pois eu bem a via voltar ao tacho e regressar lá de dentro com a colher atestada até mais não.
Houve uma fase em que eu, compreensivo, me questionei se a senhora não teria problemas de audição que retardassem a sua reacção ao meu pedido cada vez mais desesperado: chega!
Qual quê! A hipótese só se manteria se fosse a desgraçada da colher a provocar interferências na sua audição, porque no dia a dia ela ouvia impecavelmente. Aliás, até morrer aos 89 anos, sempre ouviu impecavelmente.
Claro que ela queria ver o seu neto crescer forte e saudável mas eu não estava para me empanturrar com a colherada suplementar que não desejava. Resolvi a situação anunciando o chega! precisamente uma colher antes daquilo que desejava…
Lembrei-me deste pormenor, destes pequenos truques das relações domésticas, depois de saber que o governo anda a montar o que parece ser um estratagema que, a coberto da uma reforma administrativa necessária, extinguindo distritos e governadores civis, embrulha aquilo tudo com uma espécie de regionalização, precedendo (mais) um referendo sobre a mesma.
Eu bem sei que temos um governo que domina excelentemente as técnicas comunicacionais, mas, mesmo à distância, tudo aquilo parece, cuspido, o método da colher suplementar da minha avó!
Que confusão! Se, em vez de um Governo, saísse das eleições um Conselho Directivo, com metade dos elementos que constituem o Governo, face ao tamanho do País, chegava e sobejava!!!
ResponderEliminarSó esqueci um "pormenor": Aonde ia parar o DESEMPREGO?
Com uns Governos Regionais talvez se consigam os 150.000 postos de trabalho...