
Táxi também já se tornou um insulto rodoviário corrente que nós, os condutores amadores, dedicamos a uma das corporações mais castiças de Portugal. É tão castiça que, se houvesse que mudar as cores da bandeira nacional eu proporia passar do verde-rubro actual para o verde-preto do táxi tradicional. Há quem diga que é dentro desses táxis, com os profissionais mais tradicionais que se travam as conversas mais interessantes que existem neste país - qual Ana Sousa Dias, qual carapuça! Quando, antes e durante o Europeu de 2004, via passar táxis desses com a bandeira nacional da praxe até as achava redundantes.
Por falar em Euro 2004, lembro-me de umas acções da fiscalização económica, feitas em antecipação mas de surpresa, em preparação ao acolhimento da onda de turistas que nos viria visitar. Houve duas acções, incidindo aleatoriamente sobre 5 profissionais cada, portanto 10 no total, onde se descobriram 7 situações com irregularidades. Sabiamente, dado o mau aspecto que a coisa levava, interromperam-se as acções, submetendo-as ao tema “os estrangeiros que vierem que se desenrasquem”. É de louvar que a Associação profissional da classe (ANTRAL) tenha esclarecido que os casos encontrados representariam apenas uma minoria dos associados. Estariam possivelmente a referir-se aos 30% que estavam regulares, porque ainda não estavam bem impregnados do espírito de classe.
Deve ser possivelmente também por causa de todo este prestígio granjeado pela classe dos taxistas que a palavra táxi tem sido associada ao Dr. Isaltino Morais que, não sendo taxista, tem um sobrinho que o é. É verdade que tem havido um certo cepticismo sobre a prosperidade que a profissão pode proporcionar em países distantes como a Suíça. Mas também se demonstrou que o sobrinho tem muita amizade e confiança no tio.
Controvérsias à parte, o que importa é que, tendo Isaltino Morais argumentado que se candidatava ao Concelho de Oeiras porque nada havia de juridicamente concreto contra ele, justifica-se que agora tome uma atitude (demitir-se, talvez...), visto agora haver e já ter sido constituído arguido. Suspeito é que as probabilidades de que isso aconteça sejam iguais às de que um taxista, depois de ter feito alguma asneira no meio do trânsito, baixe o vidro e nos peça desculpa…
* Com os meus agradecimentos ao Pedro Cabral pela sugestão.
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