Em balanço retrospectivo, o périplo de Donald Trump pela Europa foi mau. Até mesmo no aspecto mediático, que é aquele que, em última instância, a sua administração procura sempre salvaguardar. Se virmos o episódio na perspectiva de um jogo do monopólio, o périplo europeu foi como dar a volta ao tabuleiro, pagando alugueres em todas as casas onde se caiu e, no fim, nem se chega a receber os $200 quando do regresso à casa partida. E tudo isso por causa da bocarra de Trump, por ser estúpido, ignorante e indisciplinável. Começou por insultar a Alemanha e, durante a cimeira da NATO, tal foi a dureza das suas palavras que, como quem agarra com força demais um sabonete durante o banho e este lhe sai a voar disparado, os aliados reagiram em uníssono. Um susto diplomático, mas todas as implicações daquilo que ficou acordado parecem revelar-se indiferentes aos objectivos iniciais irrealistas que Trump anunciara. Depois, foi ao Reino Unido, provavelmente com a intenção de pavimentar um futuro acordo comercial com o mais firme aliado de sempre Estados Unidos, estando ele em vias de abandonar a União Europeia. E aconteceu-lhe dar uma entrevista onde criticava a anfitriã, a primeira-ministra Theresa May... Depois desdisse-se, e foi pior a emenda que o soneto, porque o jornal a quem a entrevista foi dada exibiu as gravações originais da entrevista. A visada, seguindo as regras da diplomacia, aceitou graciosamente as explicações e depois retribui-lhe proporcionalmente, mas sem qualquer comentário, mencionando uma das idiotices que Trump lhe sugerira como solução para o seu dilema político - processar a União Europeia! Ainda a bola dos disparates não batera no chão, e já o expedicionário se esmerara em mais uma calinada, desta vez elegendo a União Europeia como o primeiro inimigo dos Estados Unidos. Depois, tentou indirectamente emendar a mão, e correu mal. Mas aquilo que mais impacto negativo terá tido na frente política doméstica - a que verdadeiramente preocupa Trump - foi o encontro de Helsínquia entre os presidentes americano e russo. Sobre o que lá foi dito, houve um chorrilho de críticas, bem mais alargado no espectro partidário do que o que é costume (ouviram-se mesmo críticas na Fox News!), mas a reacção inicial de Trump foi a tradicional, desmentindo tudo. Mas algo deve ter sido entretanto devidamente sopesado nos ciclos próximos do presidente, para que ele viesse admitir, por uma vez, que se explicara mal - ou seja, tinha dito aquilo, mas não era bem aquilo que ele queria dizer... É interessante considerar que, se Donald Trump se tivesse deixado ficar por Washington DC e não tivesse ido a lado nenhum, estaria agora, ele, mas também o seu país, numa posição politica muito mais confortável do que aquela em que se encontra.
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