Aqui há ano e meio, em finais de Janeiro de 2017, ainda Donald Trump não aquecera o lugar na Casa Branca e já circulava na internet a Petição acima, apelando a que se evitasse que o recém eleito realizasse uma visita de Estado ao Reino Unido. E, porque as razões aduzidas neste género de iniciativas não costumam impor-se pela precisão e complexidade, aquilo que então ali se podia ler como justificação para a iniciativa era «porque iria causar um embaraço a Sua Majestade, a Rainha.» O assunto foi discutido (e refutado) num debate parlamentar que teve lugar em Fevereiro de 2017, a compasso de algumas piadas adicionais sobre a etiqueta de Donald Trump a tomar chá com a velha soberana, mas isso não encerrou a questão das características de que se revestiria uma futura visita do inquilino da Casa Branca ao Reino Unido. Tanto assim que, quando a visita que hoje se realiza foi anunciada no passado mês de Abril, percebeu-se que houvera um prolongado trabalho de negociação entre as duas diplomacias: a dos anfitriões teve que responder a uma opinião pública muito dividida, anunciando que a Visita seria de Estado, mas enfatizando que não havia nenhuma Recepção de Estado planeada. Eram atitudes, aliás, que apareciam em sintonia com, por exemplo,a intenção do Speaker da Câmara dos Comuns em não permitir que Donald Trump discursasse naquela casa, uma distinção que fora concedida a Barack Obama, e por isso mesmo capaz de irritar Donald Trump e o seu ego até à medula. Theresa May e o seu governo terão feito o que lhes seria possível para contemporizar os antagonismos, até se arranjou um cházinho com a Rainha, mas Trump está a deixar pelo Mundo fora, especialmente quando destes encontros com os seus homólogos, um rasto de comportamentos imprevisíveis: coincidindo com a sua chegada, dá uma entrevista ao tabloide local The Sun, onde crítica o comportamento da anfitriã e elogia o do seu rival Boris Johnson. Há quem se pergunte se atitudes como esta assinalam o fim de um certo estilo clássico de diplomacia, pelo menos nas relações com os Estados Unidos, enquanto por lá continuar Donald Trump. Seja como for, ano e meio de actuação já deram para compreender um padrão de comportamento de Donald Trump: ele tem sido muito mais sacana para com aqueles que querem manter-se seus aliados do que com aqueles que são seus adversários (vejam-se os dois cartoons mais abaixo).
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