02 junho 2018

QUANDO A NOTÍCIA (QUE INTERESSA) É A D'«O CÃO QUE MORDEU O HOMEM»

Popularizou-se o raciocínio que notícia não é quando o cão morde o homem, é quando o homem morde o cão. Com base nesses dizeres, houve até quem construísse uma carreira de humorista - Nuno Markl. Ainda bem para ele, mas atente-se que isso não é para ser levado escrupulosamente a sério. Ainda ontem o governo espanhol (de direita) foi derrubado por uma moção de censura apresentada pela esquerda. E o que é que já se prognosticava, ainda antes da votação? Moção de censura tira 15.500 milhões em Bolsa à banca espanhola. Veio o dia da votação e o que é que aconteceu? Bolsa espanhola recebe Pedro Sánchez com subida de 2%. Ou seja, se tivesse acontecido aquilo que acontece normalmente (o cão a morder o homem é aqui a queda bolsista que acolhe tradicionalmente a chegada de governos de esquerda ao poder), aí a banalidade teria sido objecto de uma ampla ressonância mediática, mas, como aconteceu precisamente o contrário, quase não se deu pelo caso. O jornalismo a sério baseia-se em dar às pessoas o que se julga que elas querem ouvir, não tem nada a ver com o exotismo do inesperado.

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