20 de Junho de 1979. Atribui-se a Franklin Roosevelt, que foi presidente entre 1933 e 1945, uma citação a respeito do ditador da Nicarágua que em breve se tornou famosa: «Ele (Anastasio Somoza) até pode ser um filho da puta, mas é o nosso filho da puta» (son of a bitch). O pronome possessivo é para ser pronunciado enfaticamente e a expressão teve tanto sucesso que bem depressa foi estendida para retratar as relações dos Estados Unidos com os países (normalmente ditaduras militares) da América Central e mesmo de toda a América Latina. Contudo, há precisamente trinta e nove anos, aos americanos e via televisão, entrou-lhes pela casa adentro a constatação que o sonofabitchismo desses regimes se podia virar contra os próprios norte-americanos, quando encarregues de cobrir os conflitos locais. Se a guerra do Vietname habituara os telespectadores a imagens chocantes de execuções sumárias, as imagens podiam tornar-se muito mais chocantes se o executado não fosse um beligerante, mas um jornalista e, ainda por cima, norte-americano. É sob esse peso que se devem ver as imagens acima do jornalista William Stewart (1941-1979), da ABC News, a ser executado por um membro da Guarda Nacional. Se a situação do regime dos Somoza já se encontrava então periclitante, com uma guerra civil entre mãos, o impacto das imagens na opinião pública americana e, por arrasto, na administração Carter, teve como consequência o seu descalabro em apenas mais quatro semanas.
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