28 agosto 2010

PORQUE HOJE É SABADO, DIA DE «PASSEAR» O EXPRESSO

Outro dia, encontrei-me pela enésima vez na situação de ter que contrariar um meu interlocutor que, a propósito de uma entrevista que saíra no Expresso (a com Carlos Queiroz), partia do pressuposto que eu comprara o jornal. Penso que já aqui escrevi que considero o Expresso uma fraude. Folheie-se o jornal e constata-se que mais de metade do espaço se destina à publicidade – há mesmo separatas inteiras dedicadas a ela! – e o que sai publicado na parte restante não justifica em quantidade e qualidade o dobro do preço cobrado, quando em comparação com as edições de fim-de-semana da concorrência.
Contudo, como fraude, creio que ela é simultaneamente uma fraude entrosada noutra fraude: a da preocupação com a informação e a cultura demonstrada pela classe média-alta portuguesa. Nesse aspecto, o jornal Expresso satisfaz como mais nenhum as necessidades daquela classe em mostrar essa preocupação com o menor cansaço intelectual: há um saco de plástico que passa por status, na realidade repleto de separatas que são para o lixo e depois, há os dois ou três cadernos de leitura obrigatória, cujas páginas se folheiam rápida e compassadamente, preenchidas pela metade com publicidade…
O Expresso é um jornal que, reconhecidamente, não serve para se ler. O Expresso serve apenas para mostrar que se leu – os cabeçalhos nos casos mais extremos da preguiça... Como em muitos outros exemplos, é um excelente paradigma de como colectivamente tendemos a ser – a começar pelas elites! – um povo superficial e pouco exigente consigo mesmo. O que nos torna tristes porque depois não gostamos de nos revermos assim. Mas, não nos esqueçamos, que se assim não fosse, nunca teríamos a oportunidade de possuir como faróis da intelectualidade mediática figuras tão distintas como Marcelo Rebelo de Sousa ou Vasco Correia Guedes…

2 comentários:

  1. Até qu enfim alguém diz melhor do que eu seria capaz o que eu sinto e pratico em relação ao Expresso há já muitos anos.

    [E a pipa de papel que que o expresso arrebanha?]

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  2. E como eu sei que a Maria do Sol aprecia os Sábados!

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