O senhor da fotografia abaixo chamava-se
Nelson Rockefeller (1908-79) e era o Vice-Presidente dos Estados Unidos (1974-77) no momento em que ela foi tirada em 1976. Como
o seu apelido indica, Rockefeller era rico, imensamente rico, mas era mais conhecido pela sua carreira política (fora Governador do Estado de Nova Iorque entre 1959 e 1973) e pelo seu posicionamento ideológico: era um Republicano liberal, algo que nos dias que atravessamos será quase do domínio da
arqueologia da ciência política. E também pela atitude
descontraída de estar na política, não pertencesse ele a uma das famílias mais poderosas dos Estados Unidos.

Numa ocasião em que acabara de discursar num comício numa cidade do interior do seu Estado (
Binghamton), e depois de ter sido provocado por um grupo na assistência que não se calara durante o seu discurso, Rockefeller reagiu a mais uma
boca com o gesto acima que tanto o veio a popularizar. No dia seguinte, o instantâneo aparecia em toda a imprensa norte-americana, acompanhado de comentários onde predominava a censura, o que era uma surpresa na medida em que Rockefeller gozara até aí das simpatias gerais da comunicação social. Mas o Vice-Presidente rompera com uma das regras
implícitas à actividade…
Rockefeller violara aquela regra não escrita (mas universalmente aceite) que os políticos em campanha têm que cortejar
sempre a audiência e ignorar
olimpicamente as provocações que lhe possam ser endereçadas. Ora essa
coreografia é uma das vantagens decisivas para os jornalistas que acompanham políticos. Sem ela, e se estes últimos se tornam imprevisiveis e respondem no mesmo tom do insulto que receberam (como acontece com o
mal amado Nicolas Sarkozy no vídeo acima), os jornalistas ficam com receio de, como
intermediários entre os políticos e o público, se
ousados, poderem vir a receber também o mesmo
tratamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário