16 julho 2010

OS CAVALOS TAMBÉM SE ABATEM

A primeira vez que vi Os Cavalos Também Se Abatem (They Shoot Horses, Don't They? - 1969) foi na televisão. Foi um dos primeiros filmes a ser transmitido em que aparecia aquela indicação de reserva no canto superior direito do ecrã. Não me lembro se o sinal já era um sinal parecido com o actual. Garanto é que não era vermelho porque a televisão ainda era a preto e branco… E lembro-me que as cenas mais cruas do filme eram constituídas pelo episódio recorrente do abate do cavalo ferido que um dos protagonistas (Michael Sarrazin) presenciara na juventude. Mas, mais do que fisicamente, trata-se de um filme violento psicologicamente.

A história é a de uma maratona de dança que tem lugar num dos anos mais negros da Grande Depressão. O prémio final é de 1.500 dólares para o par vencedor – o que resistir mais – e a miséria faz os concorrentes disporem-se a tudo para os conquistar. Mas o resultado do concurso é irrelevante para a história – o filme acaba sem que se saiba quem venceu. O que é omnipresente é a falta de esperança que levou a que, no fim, a protagonista (Jane Fonda) se faça abater como um cavalo acidentado. Quando o vi, na década de 70, os anos do apogeu do Welfare State, o enredo parecia uma reflexão de alerta sobre um passado a não repetir.

Mais de 40 anos depois da sua estreia, tenho muitas dúvidas se o filme ainda continua a cumprir essa missão…

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