13 julho 2010

OS BRANCOS POBRES DA ÁFRICA DO SUL

O tema da fotografia acima é banal: vêem-se membros de uma qualquer organização de auxílio alimentar a distribuir um cabaz com produtos essenciais a pessoas necessitadas. O que a torna mais rara é o facto do distribuidor ser africano e o beneficiário ser caucasiano. Costuma ser ao contrário. E o facto da fotografia ter sido tirada na África do Sul…
Durante as décadas do apartheid e mesmo depois da sua abolição, por causa dos imperativos da propaganda política, a comunidade dos brancos pobres foi completamente apagada do panorama sul-africano. É verdade que, em média, os sul-africanos de ascendência europeia viviam e ainda vivem muito melhor que os seus compatriotas de outras ascendências.
O que não invalida que, em termos de distribuição de riqueza, as duas comunidades brancas, especialmente a dos bóeres, sempre tivessem sido (e hoje são-no ainda mais) transversais à sociedade sul-africana: há pobres e ricos. Há quem estime que cerca de 10% das comunidades brancas (ou seja 450 mil dos 4,5 milhões) vivam actualmente na situação de pobreza.
Por muito poucos que fossem, sempre terá havido brancos pobres na África do Sul. Claro que ao regime do apartheid convinha apoiá-los socialmente ao mesmo tempo que os escondia por razões óbvias. E aos que lutavam contra o regime do apartheid não convinha confundir a nitidez cristalina da sua mensagem mencionando enjeitados do sistema que não o deviam ser...
Certamente que o fim do apartheid será uma das explicações para esta degradação dos brancos pobres na escala social sul-africana. Mas outra explicação tão importante quanto essa está associada à globalização que também ali arrasou com o meio de subsistência tradicional de uma fracção importante da comunidade bóer: as suas explorações agrícolas.

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