
Já me habituei a ler Boot. Raramente concordo com o que escreve, mas reconheço-lhe a coerência do que pensa. Desde há muito que, por exemplo, ele preconiza o aumento dos efectivos das forças armadas americanas recorrendo à incorporação de estrangeiros, à boa maneira dos romanos. Mas não creio que essa solução, sendo aprovada, se possa vir a aplicar num horizonte temporal que influencie as carências de pessoal actuais que ele tão bem devia conhecer. Aliás, foi em resposta a elas que ele adiantou a proposta de solução mencionada. Neste momento a maior potência mundial não tem tropas para aumentar o volume de efectivos que estão destacadas no Iraque!
Desenvolvo uma certa antipatia instintiva e imediata em quem adianta propostas de solução que apenas o são aparentemente, por manifesta e evidente inexequibilidade. Refira-se que em Portugal esses disparates costumam ser vistos com muita benignidade, desde os oriundos do leque tradicional da classe política*, a uma poderosa falange de empresários e dirigentes das nossas mais variadas organizações, pelos quais desenvolvi uma grande estima: podem ser exemplificados em casos como Pedro Nunes da Ordem dos Médicos, António Carrapatoso, da Vodafone ou Gilberto Madaíl da Federação Portuguesa de Futebol.
O que é relevante é que cheguei à conclusão que quem assim diz umas coisas para o ar pretendendo dar soluções em que só os incautos acreditam tende a fazê-lo por uma de três causas: ou é ignorante, ou foi distraído na análise do problema, mas de uma distracção tão extrema que lhe pode chegar a ser prejudicial ou então está a ser intelectualmente desonesto. E, caso não me tenha esquecido de uma outra categoria, não sei em qual delas classificar Max Boot quanto a este seu apelo para que se aumentem os efectivos militares no Iraque...
*A relembrar o episódio recente do cálculo dos custos das 100 medidas de Ségolène Royale.
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