

E tiveram bom gosto, porque escolheram uma canção, Madrugada, cantada por Duarte Mendes (na gravura (*) do início do poste), que considero a canção mais bonita de entre todas as que ganharam os festivais da canção enquanto prestei atenção ao evento. Contudo, a canção que eu pretendo evocar é uma outra, Alerta!, cantada por José Mário Branco (abaixo), com um ritmo típico de PREC, que, quem dela se lembra, com certeza já esqueceu do risco que se correu que essa mesma canção representasse Portugal no Festival da Eurovisão, porque foi neste festival que ela foi lançada…

Adenda de 4 de Julho de 2009: Cá está ele!
ALERTA! ALERTA!
ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
ALERTA!
PELO PÃO E PELA PAZ
E PELA NOSSA TERRA
PELA INDEPENDÊNCIA
E PELA LIBERDADE
ALERTA! ALERTA!
ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
ALERTA!
PELO PÃO QUE LHES ROUBA A BURGUESIA
QUE OS EXPLORA NOS CAMPOS E NAS FÁBRICAS
OPERÁRIOS, CAMPONESES HÃO-DE UM DIA
ARREBATAR O PODER À BURGUESIA
ABAIXO A EXPLORAÇÃO!
PELO PÃO DE CADA DIA!
POIS CLARO!
PELO PÃO E PELA PAZ
E PELA NOSSA TERRA
PELA INDEPENDÊNCIA
E PELA LIBERDADE
ALERTA! ALERTA!
ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
ALERTA!
SÓ TEREMOS A PAZ DEFINITIVA
QUANDO ACABAR A EXPLORAÇÃO CAPITALISTA
CAMARADA SOLDADO E MARINHEIRO
LUTEMOS JUNTOS PELA PAZ NO MUNDO INTEIRO
SOLDADOS AO LADO DO POVO!
PELA PAZ NUM MUNDO NOVO!
POIS CLARO!
PELO PÃO E PELA PAZ
E PELA NOSSA TERRA
PELA INDEPENDÊNCIA
E PELA LIBERDADE
ALERTA! ALERTA!
ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
ALERTA!
PELA TERRA QUE LHES ROUBA ESSA CANALHA
DOS MONOPÓLIOS E GRANDES PROPRIETÁRIOS
CAMPONESES, LUTAM P'LA REFORMA AGRÁRIA
P'RA DAR A TERRA ÀQUELES QUE A TRABALHAM
REFORMA AGRÁRIA FAREMOS!
A TERRA A QUEM A TRABALHA!
POIS CLARO!
PELO PÃO E PELA PAZ
E PELA NOSSA TERRA
PELA INDEPENDÊNCIA
E PELA LIBERDADE
ALERTA! ALERTA!
ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
ALERTA!
PELA INDEPENDÊNCIA NACIONAL
CONTRA O DOMÍNIO DAS GRANDES POTÊNCIAS
FORA O IMPERIALISMO INTERNACIONAL
QUE TEM NAS MÃOS METADE DE PORTUGAL
ABAIXO O IMPERIALISMO!
INDEPENDÊNCIA NACIONAL!
POIS CLARO!
PELO PÃO E PELA PAZ
E PELA NOSSA TERRA
PELA INDEPENDÊNCIA
E PELA LIBERDADE
ALERTA! ALERTA!
ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
ALERTA!
NÃO HÁ POVO QUE TENHA LIBERDADE
ENQUANTO HOUVER NA SUA TERRA EXPLORAÇÃO
LIBERDADE NÃO SE DÁ SÓ SE CONQUISTA
NÃO HÁ REFORMA BURGUESA QUE RESISTA
DEMOCRACIA POPULAR!
E DITADURA PROLETÁRIA!
POIS CLARO!
PELO PÃO E PELA PAZ
E PELA NOSSA TERRA
PELA INDEPENDÊNCIA
E PELA LIBERDADE
ALERTA! ALERTA!
ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
ALERTA!
(*) As fotografias são todas a preto e branco para não haver cedências à superficialidade da estética burguesa...
(**) E ficar igualmente num daqueles três lugares do fim, como de costume...
É engraçado ver como os extremos se tocam!
ResponderEliminar“Alerta” contém reminiscências fascistas: o hino da MP também tinha o mesmo grito...
Coincidências que a História proporciona!
E consegui escrever isto com (apenas) três pontos de exclamação – três!
Absolutamente fantástico! Só não me lembrava que esta canção tinha concorrido ao FESTIVAL!! Essa mnifestação totalmente burguesa, conquistada pelo proletariado e pela vanguarda unitária POVO/MFA!
ResponderEliminarEstes admiráveis alertadores são portadores da matriz dos verdadeiramente GRANDES Portugueses.
ResponderEliminarFoi pena que os rapazes não tenham podido levar por diante tão belos
desígnios, como o enternecedor sonho do humanista Otelo que, em 25 de Dezembro, viu abortar (que palavra horrorosa) o seu projecto de uma sociedade socialista à sua maneira, à sua imagem, saída por encomenda daquela poética cabecinha.
Malandros do Eanes e Jaime Neves!!
Sentinela alerta! Alerta está!
25 de Novembro, claro !
ResponderEliminarEmbora tão piedosas intenções do amorável Otelo evoquem no nosso espírito toda a fraternidade natalícia...
Como não te lembravas do Alerta do José Mário Branco no festival, Sofia?
ResponderEliminar;)
E concordo absolutamente contigo, A. Teixeira, a canção vencedora é na verdade, uma das mais bonitas dos festivais portugueses. Gosto muito de Madrugada :)
Ah! E adorava ver Alerta no Youtube ;)
Beijinhos :)
Esqueci-me no poste de adicionar alguns esclarecimentos da ficha técnica do Alerta!
ResponderEliminarINTÉRPRETE: JOSÉ MÁRIO BRANCO E CORO (neste ano, fruto do fim da discriminação e da exploração do homem pelo homem, a malta do coro tinha direito a ser considerada intérprete)
MÚSICA: JOSÉ MÁRIO BRANCO
LETRA: GRUPO DE ACÇÃO CULTURAL - VOZES NA LUTA (nesta época tudo lutava, até as vozes, até um espirro era uma denúncia contra o conformismo burguês)
ORQUESTRAÇÃO: LUÍS PEDRO
DIRECÇÃO DE ORQUESTRA: LUÍS PEDRO (Luís Pedro não estava lá para dirigir a orquestra, isso era fascismo, era mais um camarada que dava orientações sobre a melhor forma dos músicos lidarem com os instrumentos)