
Um dos melhores exemplos do que descrevi são aquelas situações que frequentemente aparecem na televisão antes da selecção jogar, quando os entrevistados da reportagem não sabem a letra do hino nacional.
De embaraço em embaraço acabamos por chegar ao intelectual casual que a conhece e que a canta toda... Toda? O que angústia é que tanto o repórter como o intelectual que acabou de fazer o brilharete parecem desconhecer que a letra da Portuguesa é mais extensa do que aquela que é normalmente cantada:
Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d´amor,
E o teu braço vencedor
Deus mundos novos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Saudai o céu que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
É certo que o desempenho da selecção não será afectado pela dimensão do hino, mas não custa nada instruir o repórter que, mesmo não sabendo a letra toda, aquela não é a letra toda. Até lhe dá um cunho mais instruído e mais patriota do que os apoiantes em geral, o que fica sempre bem em televisão!
Sem comentários:
Enviar um comentário