Este fim-de-semana foi-me muito útil, ao recordar-me, através da passagem acidental pelo programa de História contemporânea que António Louçã apresenta na RTP Memória que tipos de referências podemos exigir em termos de objectividade, isenção e independência quando se fala de acontecimentos históricos recentes. É um assunto interessante e muito actual, depois de todos os comentários (incluindo os meus) à parcialidade do programa de Jaime Nogueira Pinto sobre Salazar.
É evidente que, para acontecimentos da história recente, as convicções ideológicas pessoais afectam a forma como as vemos, e isso afectará a nossa receptividade ao que nos querem transmitir. Contudo também creio que é o próprio teor do que é transmitido que se torna no factor decisivo para o juízo final. Exemplificando, embora eu não me considere ideologicamente muito próximo de Fernando Rosas, considero normalmente muito interessantes as suas análises sobre o período do Estado Novo.
Haviam-no feito países neutrais como a Holanda e a Espanha no grande conflito precedente (a Primeira Guerra Mundial) e tornaram-no a fazer os que gozavam desse estatuto na Segunda. Ironicamente, dá vontade de perguntar se esta atitude muito pouco científica de analisar os assuntos do passado empregando os valores da actualidade não conduzirá à conclusão que Julio César pode ser acusado de colonialismo, Afonso Henriques de xenofobia e o Marquês de Pombal de desrespeito pelos Direitos do Homem?

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