26 fevereiro 2007

O REINADO DE SANCHO O POVOADOR


São inegáveis algumas das qualidades de Belmiro de Azevedo, que nem os sentimentos suscitados pela inveja dele ser o português mais rico do momento podem negar. Mas o ambiente deferente que o deve rodear funcionou em seu desfavor na altura de apreciar a sociedade que o cerca. Só essas circunstâncias da existência de uma espécie de corte aclamadora, mas de honestidade medíocre, explicarão a figura triste a que se prestou quando resolveu troçar de quem o criticava pelo valor de 9,5 Euros por acção que havia estabelecido para a OPA sobre a PT.

Mas sabendo reagir com flexibilidade, terá sido por isso que ao ficar sem cara para reaparecer à frente do processo da aquisição da PT, o entregou ao filho Paulo. Entre as qualidades de Belmiro de Azevedo conta-se o seu amor pelo filho que, por vezes, chega a assumir aspectos caricatos: aqui há quatro anos e meio publicou-se um livro intitulado Reformar Portugal e o subtítulo 17 estratégias de mudança; contava com a colaboração de 15 colaboradores de renome em diversas áreas* e dos filhos de mais outros dois – Belmiro de Azevedo e Pinto Balsemão…

Não se entenda daqui que se pretende questionar as qualidades de Paulo Azevedo. A História tem mostrado que muitas vezes a conjuntura se altera e acontece que se torna uma tarefa ainda mais difícil manter a dinâmica herdada do fundador do que acontece com o processo da própria fundação em si. Mas também creio que ainda é muito cedo para apreciar isso em Paulo Azevedo, apesar de tudo o que Belmiro de Azevedo faça para promover o seu filho para o destaque do centro do palco.

Afinal, lembremo-nos que o nosso rei Sancho I, enquanto príncipe, foi de grande auxílio ao pai, Afonso Henriques, nos anos finais do seu reinado (Afonso Henriques morreu com 76 anos), mas os principais julgamentos da posterioridade sobre o monarca guardam-se para o seu desempenho no período em que ele foi o rei (1185-1212). É que, neste caso, considera-se geralmente que houve uma significativa inflexão de atitude quanto à gestão do reino**… Quando também tiver a liberdade de a poder fazer então Paulo de Azevedo é um interveniente no jogo. Até lá, por muito que o pai o pretenda, é apenas o filho dele…
 
* Abel Mateus, Luís Valadares Tavares, Diogo Vasconcelos, Henrique Neto, Medina Carreira, Correia de Campos, Manuel Antunes, Acácio Catarino, Proença de Carvalho, Loureiro dos Santos, Luís Barbosa, Melo Baptista, Costa Lobo, Nunes da Silva, Sarsfield Cabral,… Paulo Azevedo e Francisco Maria Balsemão.

** Considera-se que os esforços se transferiram para a consolidação das conquistas realizadas no reinado do pai.

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