O tempo entretanto decorrido tem levado à reconstrução de um passado idílico nas relações entre a Europa e a América, passado esse que, provocado pela forçada aproximação inicialmente gerada pela Segunda Guerra Mundial e depois pela Guerra Fria, se percebe, verificando os acontecimentos da época, esteve sempre sujeito a variadíssimos incidentes, como este noticiado há precisamente 60 anos - 20 de Agosto de 1952. A ocasião fora a visita da única filha do então presidente norte-americano, Harry Truman, à Europa, mais precisamente à Suécia. A primeira dissonância entre europeus e americanos era a promoção que era conferida às figuras da família presidencial (veja-se acima à direita, a capa que fora concedida pela revista americana Time em Fevereiro de 1951 a Margaret Truman, que era cantora lírica: uma soprano...). Os europeus estavam habituados a que houvesse algum género de publicidade daquele género nos países monárquicos (e a Suécia era uma monarquia), mas a sobriedade a respeito da família próxima dos chefes de Estado republicanos era de rigor naqueles países. Mas o episódio que causara acima o incidente que chegara ao jornal e que desencadeara os protestos dos jornalistas suecos fora algo para além disso: tinha sido a agressividade arrogante dos guarda-costas que, armados, acompanhavam a distinta visitante. Esse comportamento mostrava-se tanto ao arrepio dos usos e costumes locais, que até mesmo a imprensa de Estocolmo que se mostrara mais simpática para com os americanos (promovendo na época a adesão da Suécia à NATO), se dissociavam do que se tornara um verdadeiro desastre de relações públicas por parte dos Estados Unidos. Esclareça-se, em jeito de remate, que as críticas musicais à carreia de cantora de Margaret Truman, geralmente benignas enquanto o pai ocupou a Casa Branca (1945-1953), pioraram substancialmente depois disso. Em 1957 ela abandonou a carreira para se tornar jornalista e escritora.
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