04 agosto 2022

A EXPULSÃO DA COMUNIDADE INDIANA DO UGANDA

4 de Agosto de 1972. O presidente ugandês Idi Amin endereça um ultimato aos membros da comunidade indiana residentes no país que haviam mantido a nacionalidade britânica: teriam 90 dias para abandonar o Uganda. A acompanhar a declaração desencadeia-se uma intensa campanha de propaganda tendo como alvo aquela população, que é acusada pelas autoridades e pela comunicação social de minar a economia nacional e de perpetuar a corrupção. Cinco dias passados e o ultimato é alargado aos residentes que fossem titulares de passaportes indianos, paquistaneses e bengalis. A medida abrange mais de 50.000 pessoas de ascendência indiana ou paquistanesa, apenas excluindo cerca de 23.000 membros daquelas comunidades que haviam optado pela nacionalidade ugandesa. Contudo, o ambiente era tão insuportável para todos eles, que, no fim do prazo, apenas 4.000 pessoas haviam optado por permanecer no Uganda e. mais de 5.000 empresas e propriedades haviam sido confiscadas. Apesar das condenações internacionais, a começar pelos governos afectados, britânico, indiano, paquistanês, a decisão prevaleceu porque não houve sanções significativas sobre o regime ditatorial de Idi Amin. Este é um dos exemplos mais flagrantes de perseguição racista dirigida a uma comunidade específica e ocorreu em África, perpetrada por africanos negros. Não se enquadra com as narrativas convencionais: algoz - europeu branco; vítima -qualquer outra raça. Deve ser por isso que quase ninguém está interessado em evocar esta expulsão súbita de 75.000 pessoas por motivos descaradamente cúpidos.

1 comentário:

  1. Só uma pergunta por curiosidade, hove alguma reparação por parte do Governo de Ubgada depois da queda do Ditador,para as famílias dos expulsos?

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