20 fevereiro 2020

TEMPOS CHEIOS DE CONTRADIÇÕES, ATÉ MESMO - OU SOBRETUDO... - PARA UM COMUNISTA DISCIPLINADO

20 de Fevereiro de 1940. Maurice Thorez, o secretário-geral do Partido Comunista Francês é despojado da nacionalidade francesa pelos deputados da Assembleia Nacional. Os 22 meses que vão mediar entre Agosto de 1939 e Junho de 1941 vão ser um dos períodos mais críticos e complicados para todos os militantes comunistas disciplinados, como se orgulhava ser Maurice Thorez. Finais de Agosto de 1939 é a data da assinatura do Pacto entre Hitler e Staline a que se segue, logo de seguida, a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Os comunistas passam a ser vistos no Ocidente com as maiores suspeitas, como cúmplices dos nazis e em França o partido vê-se ilegalizado em finais de Setembro de 1939. As instruções que lhe chegam de Moscovo, mandam Thorez desertar (como todos os franceses, ele fora mobilizado), o que ele faz em princípios de Outubro, refugiando-se na União Soviética. O gesto ir-lhe-ia custar, em finais de Novembro de 1939, uma condenação a seis anos de prisão por «deserção em tempo de guerra». Seguir-se-ia, três meses depois, esta sanção, que é obviamente mais simbólica do que prática. Mas que queria expressar claramente que não se podia contar com os comunistas para lutar contra o expansionismo nazi. Entre o patriotismo e a ideologia haviam feito a sua escolha. Por estes dias de há oitenta anos e então depois da invasão da Finlândia, a imagem do comunismo, dos comunistas e da sua pátria soviética junto das opiniões públicas ocidentais andava totalmente pelas ruas da amargura.

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