05 fevereiro 2020

O MASSACRE DE NOVYE ALDI

5 de Fevereiro de 2000. Novye Aldi é uma localidade dos arredores de Grózni, capital da Chechénia, uma das Repúblicas adjacentes à Federação Russa. Foi aí que há precisamente vinte anos ocorreu um massacre de população civil, inscrito no quadro da Segunda Guerra da Chechénia então em curso. Nos dois meses que antecederam o massacre (Dezembro de 1999 e Janeiro de 2000), travara-se uma batalha convencional em que as unidades russas cercavam a capital chechena, defendida pelos separatistas. O poder de fogo russo superiorizara-se. As suas salvas de artilharia haviam caído sobre a cidade e os arredores, desertificando-os e causando vítimas entre a população civil que permanecera. Novye Aldi, por exemplo, que teria uns 27.000 habitantes antes da guerra, estava reduzida a umas 2.000 pessoas e havia perdido outras 60 pessoas apanhadas pelos obuses russos. Mas aquilo que veio a acontecer em 5 de Fevereiro foi diferente. Trazendo infelizes reminiscências das descrições que os civis alemães faziam da chegada dos soviéticos em 1945, também aqui as primeiras unidades russas a chegar a Novye Aldi em 4 de Fevereiro eram compostas por soldados combatentes e disciplinados. Só que, no dia seguinte, eles abandonaram a localidade e continuaram a sua progressão até ao centro de Grózni. Como acontecera em 1945, atrás das unidades bem enquadradas é que vinha o restolho. O restolho era composto maioritariamente por homens de uma força policial originalmente constituída para combater o terrorismo e que aqui se destacaram por serem militarmente uns parasitas e humanamente uns trastes: roubos, pilhagens, destruição gratuita (aprecie-se a casa a arder em fundo), violações e execuções de civis. No computo global, e mencionando apenas os mortos, terão sido cerca de 80. Só que estamos na Rússia: os russos não costumam ligar nenhuma a estas coisas dos massacres e os ocidentais, que ligam, também não ligam muito porque se trata de um massacre entre russos, que têm uma língua que ninguém entende no resto da Europa (abaixo), e as vítimas são chechenos, que até são muçulmanos. Resultado: não tem assim muito interesse nem utilidade política. Ninguém chateia os gajos do PC com isto. Aconteceu há precisamente vinte anos.

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