12 dezembro 2018

VEJA AQUI AS NOTÍCIAS DO OBSERVADOR, DE UM RIGOR CIENTÍFICO INULTRAPASSÁVEL

Antes de ler o que escrevi, sugiro que os leitores comecem pela notícia abaixo, publicada ontem no Observador, tomando nomeadamente em consideração a passagem repetidamente enfatizada.
Se acabou de ler o artigo, o que lhe proponho em alternativa à audição do barulho do vento marciano que ali lhe é proposta, é a assistência - ainda que por pouco mais de três minutos - a uma conferência que já teve lugar há mais de seis anos, onde a conferencista, a professora de astronomia Carolin Crawford, recorda o episódio (considerado épico) da chegada da sonda Huygens a Titã. Como ela recorda, durante a descida, um microfone instalado na sonda foi captando os sons da atmosfera de Titã. Aconteceu em 14 de Janeiro de 2005 (no próximo mês completar-se-á o 14º aniversário...).

A jornalista responsável pela redacção não terá lido em nenhum site de confiança (como o da NASA) a afirmação de que se tratava d"o primeiro som captado noutro planeta". Deu-lhe para ali. Tivesse feito uma pesquisa mínima e teria chegado à conferência acima de Carolin Crawford onde ela explica até o que aconteceu (de mal) com as tentativas anteriores de captar o som da atmosfera marciana. Isso mas também o facto de já existirem registos sonoros da atmosfera de Titã (abaixo). Há um pormenor que servirá para Marta Leite Ferreira brandir, na tentativa de amenizar a dimensão da incompetência:
É que Titã não é tecnicamente um planeta, mas sim um satélite de Saturno. É frequente assistir-se a discussões assim, em que a parte perdedora se agarra a tecnicismos para não conceder a razão. Neste caso (se o caso se puser, pois suspeito que a questão estará muito para além dos conhecimentos da jornalista), convém ter presente que Titã é até ligeiramente maior que Mercúrio. Mas não valerá a pena elaborar muito mais sobre um caso que se afigura transparente: quem escreveu sobre o assunto não percebe a ponta de um corno dele. José Manuel Fernandes é que não se arrisca a escrever sobre astronomia para o apanharmos assim...

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