05 dezembro 2018

EM INGLATERRA, A GASOLINA PORTUGUESA TORNA-SE RELATIVAMENTE MAIS BARATA

A contestação desencadeada pelos coletes amarelos em França e o motivo originalmente invocado pelo movimento para a contestação, levou o The Guardian a publicar um artigo onde se compara a fiscalidade e o preço dos combustíveis no conjunto dos países da União Europeia. Só que, por terem sido publicados no Reino Unido, dados e conclusões aparecem depurados dos enviesamentos como o assunto costuma ser tratado na comunicação social portuguesa. No quadro da direita aparece-nos o preço médio do litro de gasolina, onde Portugal aparece colocado em 7º lugar (a sétima gasolina mais cara entre os países da União Europeia). Como se costuma ler na imprensa doméstica: Portugal está no top 10. Verdade. Mas também interessa saber quem mais compõe esse top, e não será certamente informação irrelevante o facto de que na Grécia, na Irlanda e, agora, na Itália, tudo países que connosco atravess(ar)am um mau momento quanto ao equilíbrio das suas contas públicas, se praticam preços mais elevados que os nossos. Assunto (a venda de combustíveis como fonte mais imediata de receitas fiscais) que nos leva ao segundo cabeçalho comum quando em Portugal se noticia sobre o assunto: Mais de metade do preço dos combustíveis resulta de taxas e de impostos. Na verdade é mais de 60%, mas quem olhar mais atentamente para o mapa da esquerda aperceber-se-á que em todos os países da União Europeia o peso da fiscalidade é superior a metade do preço final ao consumidor (o que fica sempre por dizer nas notícias a esse respeito).
 
Vale a pena acrescentar mais alguma coisa sobre o que é a desinformação a respeito deste assunto que as petrolíferas plantam na nossa comunicação social?

2 comentários:

  1. Muito certeiro. Obter informacao fiavel nos dias que correm e processo cansativo...
    Acrescento que comparer precos de gasoleo daria resultados talvez ainda mais... esclarecedores... por exemplo, o gasoleo no Reino Unido e bem mais caro que em Portugal.

    ResponderEliminar
  2. Como decerto reparou, o artigo do Guardian incluía uma análise complementar para o gasóleo, que não desmentiria e até acentuaria as conclusões que realcei. Por isso, preferi manter o essencial da informação em formato KISS (Keep It Simple and Stupid).

    Na verdade, uma apreciável percentagem dos leitores de um jornal, quando lhe dizem que a maior parte do preço do combustível é formada por taxas e impostos, tende a assumir que isso é uma especificidade portuguesa - quando está muito longe de o ser.

    ResponderEliminar