10 de Novembro de 1918. Às 06H00 da manhãzinha de há cem anos Guilherme II, Imperador da Alemanha e Rei da Prússia, apresentava-se na estação de comboios de Eisden (Limburgo), na fronteira da Bélgica com a Holanda. Até aí, nas últimas semanas, aquele que era designado correntemente por o Kaiser, estivera instalado em Spa, cidade do Leste da Bélgica onde se instalara o OHL, o Grande Quartel General dos exércitos alemães. Fora aí que, no dia anterior, recebera a novidade, veiculada pelos jornais berlinenses, que ele próprio havia abdicado... (veja-se abaixo*) A situação de Guilherme tornara-se periclitante: perdera o apoio político na capital, prosseguiam as negociações para a rendição da Alemanha (onde não seria de excluir que, entre as cláusulas, se exigisse a sua extradição) e a progressão dos exércitos aliados mantinha-se inexorável, o que, caso os combates prosseguissem, lhe daria apenas um punhado de semanas até que eles alcançassem Spa. Entre a sua comitiva concluiu-se que a melhor solução naquelas circunstâncias seria refugiar-se num país neutral. E o país neutral mais próximo era mesmo a Holanda. E é assim que vamos encontrar numa fria manhã de Outono o outrora todo poderoso Imperador a conter a sua impaciência calcorreando o cais de uma obscura estação ferroviária, enquanto as autoridades holandesas da cidade mais próxima (Maastricht) entravam em contacto com o governo holandês em Haia. Ainda nesse dia, a autorização para que o Kaiser se refugiasse na Holanda acabou por ser concedida. Cortesias entre cabeças coroadas, a rainha Guilhermina dos Países Baixos emprestou-lhe o castelo de Amerongen para se instalar, castelo onde, passadas algumas semanas, a 28 de Novembro de 1918, Guilherme acabou por anunciar o acto da sua abdicação, desta vez num documento redigido pelo seu punho...
* para os menos habilitados a decifrar as letras em estilo gótico, no cabeçalho pode ler-se Abdankung des Kaisers - traduzido: abdicação do imperador
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